O tratamento da morfologia não-concatenativa pela morfologia distribuída: o caso dos blends fonológicos

Abstract

Neste artigo, discutimos alguns aspectos da morfologia não-concatenativa do português brasileiro, concentrando-nos nas propriedades morfossintáticas e semânticas dos blends. Tratamos, mais especificamente, dos blends fonológicos, nos quais há a sobreposição de segmentos idênticos das palavras-fontes que o constituem (e.g., roubodízio < roubo + rodízio). Demonstramos que, mesmo nos blends formados através de sobreposição de segmentos fonológicos idênticos, o input imediato para a mesclagem decorre de fatores semânticos, e não fonológicos, sendo esses últimos epifenomenais, tal como sugerido em Minussi e Nóbrega (2014)

A interface morfologia-fonologia no Blending: uma análise pelo modelo da Teoria da Otimidade

“…ARAÚJO, 2000) ou de natureza semânticopragmática (cf. MINUSSI;MINUSSI, 2015) e se chega a um resultado estruturalmente determinado pela natureza do input.…”

Os lapsos de fala em português brasileiro sob a perspectiva da Morfologia Distribuída

“…Contudo, conforme constatamos, as discussões acerca dos blends (cf. MINUSSI;NÓBREGA, 2014;MINUSSI, 2015;GONÇALVES, 2003;RIO-TORTO, 2014;BASILIO, 2010;ARAÚJO, 2000;LEHRER, 2003;LEHER;VERES, 2000) não abarcam os blends de palavra, concentrando-se, exclusivamente na formação dos blends neológicos. A partir da comparação entre as propriedades dos blends de palavras e dos blends neológicos, mostramos que há diferenças nos processos de formação de ambos, uma vez que, de acordo com Minussi e Nóbrega (2014), há a influência de um input semântico na formação dos blends neológicos que atua de maneira a garantir um efeito cômico, ausente nos blends de palavra.…”

“…Desse modo, ambas as palavras-fonte se sobrepõem para ocupar os espaços Apesar de os blends terem sido pouco estudados como resultado dos lapsos de fala, tem havido um avanço considerável nos estudos de blending como um processo de criação de palavras, tanto em PB quanto em outras línguas(cf. MINUSSI;NÓBREGA, 2014;MINUSSI, 2015;GONÇALVES, 2003;RIO-TORTO, 2014; BASILIO, 2010; ARAÚJO, 2000;LEHRER, 2003; LEHER; VERES, 2000). Os esforços vêm de diferentes correntes teóricas e abordam o blending sob pontos de vista distintos, chegando a algumas conclusões interessantes, como observaremos.…”

A >i<blendtividade>/i< na formação de palavras: a derivação dos >i<blends>/i< na interface entre morfologia, fonologia e pragmática

“…EMBICK;NOYER, 2007;SIDDIQI, 2009). A assunção em Minussi e Nóbrega (2014) e em Nóbrega e Minussi (2015), representada na Figura 11 abaixo, é a de que além do acesso que a Enciclopédia tem às duas interfaces via interface conceitual, ainda é possível um outro acesso ao componente morfológico, não restrito apenas às interfaces da Enciclopédia, provocando o desencadeamento de efeitos estilísticos na estrutura gerada pela derivação sintática. Essa assunção está de acordo com a defesa de Chomsky ( 2001) de que existem 'movimentos estilísticos', isto é, alguns movimentos de constituintes ocorrem no ramo de PF de maneira a gerar efeitos estilísticos.…”

“…LEE, 2015), outros autores se atentam para o caráter pragmático do processo, visto que ele está diretamente relacionado ao estabelecimento de efeitos estilísticos (cf. MINUSSI; NÓBREGA, 2014, NÓBREGA;MINUSSI, 2015). A hipótese aqui desenvolvida busca fornecer um tratamento completo ao fenômeno em questão, o que é visto pelo fato de que assumimos que se trata de um processo na interface sintaxe-morfofonologia-pragmática.…”