Este trabalho teve por objetivo compreender o estatuto formal do masculino e do feminino segundo a negatividade ontológica que constitui o sujeito teorizado por Jacques Lacan.Analisaram-se obras do autor entre 1971 e 1973, momento cujas coordenadas epistemológicas configuram o que será nomeado "sexuação" em 1974. Constatou-se que o sexual é o próprio equívoco material da linguagem, onde o pulsional manifesta o paradoxo que define o significante, referido à unidade sem identidade, sustentado na diferença recíproca sendo diferente de si mesmo. "Homem" e "mulher", o "dois" constitui os lados fracassados desta mesma contradição, a possibilidade de oposição que o simbólico institui pela impossibilidade.Discutiu-se como a psicanálise pode sustentar uma dualidade não identitária à luz da disparidade ex-sistencial que exibe o impasse ontológico do ser sexuado.