O romance Mariana (1932) apresenta em seu enredo um momento singular da memória da cidade mineira que dá título ao livro. Seu autor é Augusto de Lima Júnior, escritor que desenvolveu uma considerável produção intelectual sobre Minas Gerais no decorrer do século XX. Sua obra literária, contudo, que muito versa sobre algumas memórias e paisagens mineiras, é atualmente pouco conhecida e carece de estudos. Neste artigo, a partir do conceito de “lugares de memória” de Pierre Nora (1993), busca-se apresentar como a dimensão da memória se configura em Mariana. E, por meio das categorias narrativas de núcleo e catálise (BARTHES, 2001), propõe-se discutir como o autor parece invertê-las no romance, ao apresentar uma minuciosa descrição da cidade em detrimento da trama central, o que parece ser uma estratégia empreendida para revelar a grande personagem do romance: a própria cidade, suas paisagens, costumes e memórias.