O presente estudo se propôs ampliar a compreensão sobre a passagem de crianças da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Para isso, foram ouvidas narrativas de crianças por acreditar que elas são capazes de contar o que lhes acontece e construir sentidos para suas experiências. O objetivo da pesquisa foi: analisar os sentidos atribuídos narrativamente por crianças a respeito da transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Sob o aporte teórico da pesquisa (auto)biográfica em Educação e da Sociologia da Infância, o estudo foi desenvolvido com seis crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental oriundas de Escolas de Educação Infantil. Os resultados indicaram que a transição entre as duas escolas provocou algumas tensões, pois ao mesmo tempo em que as crianças se viam atraídas pelas inovações oferecidas pela nova escola, sentiam temores, lutos e sofrimentos, sobretudo, no que se refere à diminuição de oportunidades para brincar, ao acolhimento e à preparação da escola para recebê‑los. Para algumas crianças, as perdas foram compensadas pelas novas aprendizagens, enquanto outras estavam sofrendo e não contavam com recursos suficientes, necessitando de maior apoio para se incluírem nessa nova etapa. Os adultos responsáveis pelo ensino, acolhimento e introdução da criança nessas instituições têm um papel preponderante na adaptação da criança nesta nova etapa. São eles que podem estar com as crianças, detectando suas necessidades, de forma a auxiliá-las a se inserirem neste novo contexto.