O poder da reputação: evidências do efeito big four sobre a opinião do auditor

Abstract

O presente trabalho analisou o efeito das Big Four sobre o tipo de opinião dos auditores. O estudo, descritivo, documental e quantitativo, analisou relatórios anuais de 504 empresas listadas na [B]³ no período de 2002-2012 através de estatística descritiva e regressão com dados em painel. Observou-se existir uma concentração do mercado de auditoria, pois as Big Four chegaram a auditar 75% das empresas, o que pode prejudicar a independência do auditor. Em média, a probabilidade de uma empresa listada receber um relatório modificado é 6,20%. Verificou-se ainda que ser auditado por uma Big Four e possuir Níveis Diferenciados de Governança reduzem a probabilidade de se receber uma opinião modificada. Por sua vez, empresas que apresentam prejuízos e a adoção do IFRS Parcial aumentaram a probabilidade de receberem uma opinião modificada. Estes resultados contribuem com os reguladores, investidores e auditores na sinalização dos fatores que afetam o tipo de opinião do auditor.

Pincipais assuntos de auditoria: análise dos relatórios de auditoria das instituições financeiras listadas na B3

“…Gráfico 1 -Empresas de auditoria que emitiram o relatório de auditoria Os estudos de Gambetta et al (2018), Gonçalves (2018), Santos, Machado, & Machado (2019) e Vargas e Bianchi (2019) também identificaram que as empresas de auditoria independente com maior concentração de mercado são as Big Four, ou seja, Deloitte, EY, KPMG e PwC. A concentração do mercado de auditoria independente nas Big Four pode prejudicar a independência do auditor, perda da qualidade da auditoria, aumento da probabilidade de gerenciamento de resultados, entre outros (Marques, Louzada, Amaral, & Souza, 2018).…”

Efeito Das Dimensões De Governança No Recebimento De Doações Vinculadas Em Ongs Ambientais No Brasil

“…Com relação à qualidade da auditoria, o tamanho da empresa é uma medida comum de qualidade tanto em estudos sobre organizações empresariais (e.g. Marques, Louzada, Amaral & Souza, 2018) quanto sem fins lucrativos (e.g. Yetman & Yetman, 2012).…”

Deficiências de Controles Internos, republicações e opinião do auditor:

“…De acordo com a NBC TA 706, o parágrafo de ênfase traz a exposição de um assunto já divulgado nas demonstrações financeiras e que, na opinião do auditor, é merecedor de destaque, pois se considera informação fundamental para o entendimento dos usuários. No entanto, pode ocorrer de uma compreensão inicial de ênfase resultar em uma posterior ressalva nos períodos subsequentes (Marques et al, 2018) As DCIs podem, na perspectiva de Rice e Weber (2012), Wang ( 2013), e Guragai e Hutchison (2019), desencadear as republicações das demonstrações financeiras. De acordo com os autores acima mencionados, há uma relação significativa entre a frequência, a quantidade e o tipo das DCIs reportadas pela empresa com as suas republicações de demonstrações financeiras.…”

“…Além disso, observa-se no Painel C que 84,49% das observações se referem a empresas auditadas pelas Big4. As frequências e proporções observadas reforçam as características das empresas com maior liquidez na Brasil, Bolsa e Balcão B3 já sinalizadas por Marques et al (2018) e por Lopes et al (2019) no que diz respeito ao segmento econômico, ao segmento de governança e ao tipo de auditor. Verificou-se, ainda, que, em média, 33% das empresas republicaram as demonstrações financeiras.…”

“…Porém, quando se observa as republicações compulsórias, a proporção média foi de 3%. Esse achado é compatível com observado por Marques et al (2018), que verificaram taxas de republicações gerais em torno de 25%. Por outro lado, a taxa de republicação compulsória do citado estudo foi de 17%.…”