“…Como sugerido pela abordagem dos estudos sociais da infância, encarei o processo de socialização "como um processo contínuo, múltiplo em sua direcção e fins, tanto os mais imediatamente visíveis quanto os menos perceptíveis, porque comummente não reconhecidos pela visão tradicional de socialização que, além da forma, também limita os agentes do processo de socialização e os territórios em que este tem lugar" (Marchi, 2011). Compreender o lugar que as crianças ocupam na educação, significa também entender a ordem geracional (Mayall, 2005) O material empírico aqui apresentado foi construído a partir de uma "etnografia visual e participativa" (Colonna, 2012) num bairro periférico entre os municípios de Maputo e Matola, uma zona onde convivem traços urbanos e rurais, fábricas e machambas 1 , habitações em materiais precários, em material durável e até mesmo "casas de luxo". A pesquisa procurou entrecruzar o método etnográfico com algumas ideias das metodologias participativas e visuais, que são propostas no âmbito da Sociologia da Infância como uma estratégia eficaz para reduzir o adultocentrismo e encarar as crianças como actores sociais plenos (Sarmento, 2004).…”