O luto perinatal e neonatal e a atuação da psicologia nesse contexto

Abstract

Atualmente, a morte na infância é pouco comum, considerando-se todos os recursos de modernidade que se disponibilizam hoje, quais sejam, cuidado pré-natal, UTI neonatal, dentre outros. Por isso mesmo, quando acometida por essa fatalidade, a família sente estranheza e forte impacto. A perda de um bebê pode produzir uma dor intolerável, uma vez que significa frustração de desejos, fantasias, devaneios e não menos importante, a impotência ante a possibilidade de aplicar sua capacidade de ser mãe/pai. Neste sentido, salienta-se a necessidade de profissionais como o psicólogo, a fim de que possa auxiliar a família a enfrentar o luto parental e a elaboração da perda de um filho. Desta forma, este estudo visou dissertar sobre a importância da intervenção psicológica em situações de luto: perinatal e neonatal. A partir de uma pesquisa qualitativa, de revisão bibliográfica, foi possível identificar que esse tipo de luto contraria o que culturalmente em nossa sociedade se espera sobre o andamento do ciclo de vida. Isso posto, diante do que essas perdas podem provocar nas famílias e até mesmo nas equipes de saúde, faz-se necessária a presença do psicólogo nesse contexto. Consubstancialmente, salienta-se a importância de estudos futuros que possam investir em novas reflexões acerca do luto perinatal, uma vez que as considerações trazidas por eles podem ter implicações na prática do psicólogo no âmbito hospitalar.

Finitude no início da vida: atuação da Psicologia na UTI Neonatal

“…O que é realizado através da abertura de exceções para visitas, da escuta dos desejos da família nesse momento, o que é subjetivo e específico de cada uma, e fazer o possível para garantir que essas vontades sejam asseguradas. O cuidado e o acolhimento contribuem para que esse momento seja vivido mais intensamente, explorando todas as possibilidades de contato, de vínculos e de simbolização (Laguna et al, 2021). E quando há possibilidade da morte, todo esse trabalho tem um efeito na elaboração do luto, favorecendo para que esse processo ocorra de forma mais saudável.…”

“…A morte de um bebê é um evento estressor que além de representar uma quebra de expectativas frente a todos os sonhos, fantasias e planos feitos por essa família, também simboliza a incapacidade dos pais protegerem e realizarem o cuidado do seu filho. Dessa forma, essa situação pode ser atravessada por múltiplos sentimentos de tristeza, frustração, culpa, incapacidade e/ou fracasso (Laguna et al, 2021). Nesse momento, é importante, para que esse luto aconteça de forma mais saudável, permitir que a família se aproprie dos cuidados do bebê para além da doença.…”

“…No entanto, esse processo é intensificado após um diagnóstico e/ou um nascimento pré-termo, no qual a família se depara com uma realidade tão diferente da fantasiada. Dessa forma, muitos sonhos e desejos acabam dando espaço para medos e preocupações, além da experiência ser atravessada por diversos sentimentos, como insegurança, culpa, receio e desamparo (Laguna et al, 2021).…”

“…Posto isto, é necessário direcionar o cuidado para o bebê em todas as esferas da sua vida a partir do conhecimento sobre a sua história, a qual é anterior ao momento do seu nascimento e tende a ser rodeada de expectativas e anseios. Isso viabiliza um trabalho voltado para a sua potencialidade de vida, bem como possibilidades de existir e se desenvolver dentro de uma UTIN (Laguna et al, 2021).…”

“…Nesse momento permeado de tanto sofrimento, medo e angústia cabe à Psicologia fornecer um espaço seguro e acolhedor, no qual esses familiares se sintam respeitados e validados, bem como oferecer uma escuta para esse misto de sentimentos que os atravessa (Santos et al, 2023). Consequentemente, cabe aos profissionais garantir a potencialidade de existência do bebê e o acolhimento de seus familiares, a partir do auxílio da ressignificação da morte e elaboração dos seus lutos, além de conhecerem os desejos dos mesmos diante do óbito do bebê e auxiliá-los durante esse processo (Laguna et al, 2021).…”