O detetive híbrido: inovação tecnológica e tradição na investigação criminal

Abstract

Artigo recebido em para publicação em set./2013 e aceito para publicação em maio/2014 RESUMONeste artigo são exploradas as narrativas dos inspetores da Polícia Judiciária (PJ) relativamente aos processos de vigilância e identificação de suspeitos de crime. Recorrendo a uma perspetiva teórico-metodológica do tipo interpretativo e qualitativo, deseja-se mapear o sentido e compreender o significado que os inspetores da PJ atribuem às suas práticas no decurso da investigação criminal. A aplicação da ciência e da tecnologia na investigação criminal exige uma reflexão em torno dos impactos que estas acarretam. Apesar do potencial uso da ciência e tecnologia na investigação criminal, confrontamo-nos com uma série de obstáculos que nos demonstram os limites deste processo de cientifização. As novas tecnologias de recolha e manuseamento de informação sobre suspeitos e condenados por crime complementam os meios tradicionais de investigação criminal, criando-se assim uma figura híbrida do detetive policial. Palavras-chave: Ciência. Identificação. Investigação criminal. Tecnologia. Vigilância. ABSTRACT In this paper we explore the narratives of the Portuguese Criminal Investigation Police (Polícia

Apontamentos Sobre O Caso Do Reconhecimento Facial a Partir De Videomonitoramento Em Vias Públicas Para Fins Penais No Brasil

“…Esse sujeito é o "[...] produto de dois tempos diferentes (passado e presente), capaz de associar atores e artefactos e conjugar os meios 'duros' e mais antigos com os meios mais "suaves" e inovadores de obtenção de informação." 36 O que se percebe é que apesar da ampliação e aceitação das formas mais brandas de controle e vigilância, não há um abandono das formas mais pesadas. Miranda e Machado explicam que "o que se constata nas transformações que têm ocorrido nestas práticas é que 'ao mesmo tempo que não se verifica qualquer abrandamento das formas «duras» de controlo, as formas soft estão a expandir-se de várias formas'".…”

“…Miranda e Machado explicam que "o que se constata nas transformações que têm ocorrido nestas práticas é que 'ao mesmo tempo que não se verifica qualquer abrandamento das formas «duras» de controlo, as formas soft estão a expandir-se de várias formas'". 37 Todos esses aspectos são fundamentais para a compreensão do que significa a política de implantação de câmeras de videomonitoramento em locais públicos com o objetivo de realizar reconhecimento facial dos transeuntes, podendo identificá-los em um banco de dados com indivíduos procurados pelo poder público e a partir disso responsabilizá-los criminalmente. Porém, não é somente isso.…”