O ciclo investigativo de modelagem matemática <br> The investigative cycle in mathematical modeling

Abstract

Este texto trata de parte de uma investigação sobre o problema da infraestrutura de conhecimentos necessária para o desenvolvimento da modelagem matemática escolar sobre problemas em contexto. Para isso é proposto o ciclo investigativo de modelagem matemática como dispositivo inspirado nos cinco gestos que caracterizam uma verdadeira pesquisa a luz da teoria antropológica do didático. Resultados obtidos a partir da analise empírica sobre um problema em contexto, mostram a potencialidade do ciclo investigativo de modelagem matemática para aquisições de novos saberes úteis, senão indispensáveis a professores em formação, bem como encaminha futura investigação. &lt;br&gt;This paper is part of an investigation on the problem of knowledge infrastructure necessary for the development of school mathematical modeling on problems in context. For this, the research cycle of mathematical modeling is proposed as a device inspired by the five gestures that characterize a real research in the light of the anthropological theory of the didactic. Results obtained from the empirical analysis of a problem in context show the potential of the mathematical modeling research cycle for the acquisition of new useful knowledge, if not indispensable to teachers in formation, as well as forwards future research.

descortinar da noção de situação em modelagem matemática escolar

“…Mediante nossos pressupostos sobre a complexidade que pode revelar a realização da tarefa T2 do CIMM (Sodré & Guerra, 2018, Sodré, 2019, acreditamos que seu enfrentamento pode inclusive demandar a criação de condições quanto à transposição didática, além de tornar possível o encontro do sujeito com a situação com matemática que pode estar associada a um modelo matemático a partir da noção teórico-metodológica de um Percurso de Estudo e Pesquisa, daqui em diante PEP, em consonância com Chevallard (2013b), ao chamar para si o desenvolvimento de saberes disciplinares e não disciplinares, incluindo os habitus do campo de prática em dialética com as situações com matemática que se fazem necessários, senão indispensáveis, para o estudo de um problema em contexto em MM escolar.…”

“…No entanto, na perspectiva da Teoria Antropológica do Didático, daqui em diante TAD, aqui assumida como recursos teórico-metodológico para a construção do problema de investigação, a noção do ciclo de MM apresentado na literatura da área é transposto para um arcabouço teórico sólido (Garcia et al, 2006) O CIMM (Sodré & Guerra, 2018, Sodré, 2019 pode ser interpretado como uma organização praxeológica e, com isso, assume "um duplo papel funcional enquanto dispositivo didático-metodológico: para o ensino-aprendizagem de MM e para a formação docente" (Sodré, 2021b, p. 17), ao chamar para si uma infraestrutura praxeológica de saberes matemáticos e não matemáticos.…”

O Ciclo Investigativo De Modelagem Matemática: Uma Transposição Didática Escolar

“…Com esse olhar, partimos do pressuposto de que as dificuldades de alunos e professores em MM decorrem da não visibilidade dos saberes em sentido amplo, de modo particular, os saberes não matemáticos condicionam e são condicionados pelos saberes matemáticos para a construção de um modelo matemático (SODRÉ; GUERRA, 2018, SODRÉ, 2019, inclusive, como nos revela Julie (2002, p. 2, tradução nossa) no seguinte extrato de texto: "A modelagem matemática não deve ser apenas um veículo para as ideias matemáticas. Permanecer nesse nível esconde o trabalho de bastidores e as complexidades envolvidas na construção de um modelo matemático" 10 .…”

“…Com esse olhar, Sodré (2019) encaminha, a partir do modelo praxeológico proposto por Chevallard (1999), que o saber das organizações praxeológicas globais apresentadas nesse modelo teórico pode ser oriundo de um saber não necessariamente teórico, mas por "saberes práticos, que se colocam em funcionamento, se aprendem, se enriquecem, sem serem entretanto utilizados, ensinados, produzidos" (CHEVALLARD, 2005, p. 154, grifos do autor, tradução nossa) de uma dada instituição, e que por sua funcionalidade em ato, encaminha à noção de Organização Praxeológica Complexa, doravante OPC (SODRÉ; GUERRA, 2018, SODRÉ, 2019.…”