“…Um outro cartão, composto de uma montagem de duas fotografias sem autoria, apenas com a referência ao estado de Pernambuco, exemplifica o modo como a estandardização dessas imagens pelo comércio de postais objetificou indivíduos negros a tal ponto que suas fotografias poderiam ser reapropriadas para retratar diferentes localidades. Essa "política de anonimato e invisibilidade" (Schwarcz, 2018, p. 47) é evidenciada no cartão (Figura 18), onde foi possível identificar que o homem, retratado sem legenda específica, é inegavelmente o "ganhador africano" 13 representado em um outro cartão-postal editado por Lindemann na Bahia (Ermakoff, 2004;Kosoy, Carneiro, 1994;Negro, 2020). Nesse caso, porém, o mesmo indivíduo, supostamente da Bahia, é mostrado como um "tipo" de Pernambuco, sem qualquer outro elemento que o identifique.…”