IntroduçãoAs declarações entusiastas de personagens de relevo na cena intelectual francesa são reveladoras da disposição desses leitores em remeter os conteú-dos abordados por Freyre às situações políticas e aos debates epistemológicos por eles vivenciados no pós-guerra europeu. Ao discutirem a obra do sociólogo brasileiro, esses intelectuais traziam à tona discussões sobre racismo, assimilação étnica e colonialismo, por exemplo.
Entre os anos de 1906 e 1908, o cartofilista Augusto de Oliveira recebeu mais de 300 cartões-postais de diversas partes do mundo. Do Cairo a Tóquio, esses postais, ilustrados com fotografias de “tipos” e “paisagens”, são registros de uma época imersa em um regime de visualidade marcado pela reprodutibilidade técnica da imagem e pelo colonialismo europeu na África e Ásia. Com base em estudos contemporâneos da Cultura Visual e em leituras pós-coloniais, a pesquisa sobre esse farto material iconográfico abre novas janelas analíticas para pensar de que modo o culto ao exótico e a episteme racializada da época informaram percepções e produziram olhares transnacionais sobre o “Outro”.
Resumo: O presente artigo aborda os modos de representação e circulação de fotografias de populações negras nos anos iniciais da expansão colonialista europeia, entre o final do século XIX e início do século XX. Com base em cartes de visite e especialmente cartões-postais com imagens de africanos, afro-caribenhos e afro-brasileiros, o texto propõe uma abordagem transnacional acerca dos modos como os cânones visuais e produções de sentido oriundos da cultura visual/racial do colonialismo europeu foram reproduzidos nas fotografias comerciais do período.
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