“Ninguém está falando em liberação da droga”: ressignificação da maconha nos programas matinais das redes Globo e Record

Abstract

O uso medicinal e terapêutico da Cannabis spp. tem uma longa história na humanidade, mas a atual Política Nacional de Drogas do Brasil ainda impõe processo burocrático para plantio, produção e consumo da substância para fins medicinais. Esse artigo tem o objetivo de analisar e comparar como programas de entretenimento matinais das redes Globo e Record abordaram o uso medicinal dos derivados da maconha no Brasil entre 2014 e 2018, nas quais são destaques os movimentos sociais a favor da liberação da maconha medicinal para famílias de pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais. Observou-se mudança significativa na abordagem, no que tange à seleção lexical, das emissoras durante o processo de liberação da importação. A segunda modificação observada consiste na escolha das fontes para as entrevistas. Se num primeiro momento tem-se forte representação das famílias, construindo uma imagem familiar do uso da substância, com o passar do tempo essas são substituídas por médicos e neurocientistas.

Sobre ativismos e conhecimentos: a experiência de associações canábicas no Brasil

“…O conceito de bolha social pode ocorrer tanto num ambiente virtual quanto fora dele, podendo ser definido como "uma seleção intencional, filtrada, uma triagem planejada a fim de que classificações e hierarquias obedeçam a critérios exclusivos e pessoais, porque não dizer excludentes, em nome da proteção de pessoas" 26 (p. 14). A bolha cria para quem está dentro dela uma linha tênue entre a proteção e a segmentação.…”

Potencial uso terapêutico dos compostos canabinoides – canabidiol e delta-9-tetrahidrocanabinol

“…O CBD tem afinidade muito baixa por esses receptores (100 vezes menos que o THC) e quando se liga produz pouco ou nenhum efeito (Medeiros et al, 2020). Research, Society and Development, v. 10, n. 4, e25310413844, 2021 (CC BY 4. Além dos benefícios promovidos por esses compostos outros estudos evidenciam riscos e prejuízos relacionados aos efeitos sobre a saúde humana (Rodrigues et al, 2021). Sabe-se que o uso frequente e prolongado da maconha (fumo) está associado a efeitos deletérios sobre a função psicológica, incluindo o risco aumentado de desenvolvimento de psicose em indivíduos predispostos; alterações estruturais e funcionais do cérebro; e comprometimento cognitivo (Solowij et al, 2018;Simmerman et al, 2019).…”