Abstract:Resumo O presente artigo tem como objetivo discorrer sobre os elos e as dissonâncias entre mononormatividade, intimidade e cidadania, desdobrando-se por um diálogo necessário entre privacidade e publicização da vida privada. A problemática da investigação pode ser traduzida por meio do seguinte questionamento: até que ponto a mononormatividade, enquanto modelo impositivo e normativo de monogamia, interfere na liberdade de construção dos relacionamentos íntimos e no exercício amplo dos direitos decorrentes dess… Show more
“…Ao refletir sobre a monogamia como um aspecto presente nas relações entre mulheres, o conceito de mononormatividade pode auxiliar na compreensão da VPI neste público. O conceito diz respeito à imposição da monogamia como compulsória, explicitada na cultura e aparentando ser um sistema "onipresente" e natural para relacionamentos conjugais e que detém privilégios aos que se adequam a esse sistema (Porto, 2018;Costa & Ribeiro-Gonçalves, 2020;Conley, Matsick, Moors & Ziegler, 2017;Conley, Piemonte, Gusakova, & Rubin, 2018).…”
Intimate partner violence (IPV) is widely portrayed from a heterosexual point of view, and there are few representations of violence in homosexual intimacy. This article analyzes the literature on intimate partner violence in relationships between women who have sex with women. Methodologically, the study corresponds to an integrative literature review that analyzed 60 articles published in Portuguese, English, and Spanish, available in the SCIELO databases; CAPES journals; Virtual Health Library; Redalyc and Dialnet, published between 2012-2019. The findings are analyzed descriptively using an instrument developed by the authors, called the review protocol. The results are presented into five categories that discuss cultural aspects related to IPV in this population. 1st) Gender; 2nd) Intergenerational violence; 3rd) Minority stress; 4th) Substance abuse and 5th) Barriers to coping with IPV, which show the intergenerational influence on intimate violence and that gender stereotypes make intimate violence between women invisible by making them think of themselves as non-aggressors at the same time. Women are crossed by intersectionalities that accentuate the stress experienced by being a sexual minority, and the barriers to coping with IPV involve the State's lack of preparation to deal with non-heterosexual IPV.
“…Ao refletir sobre a monogamia como um aspecto presente nas relações entre mulheres, o conceito de mononormatividade pode auxiliar na compreensão da VPI neste público. O conceito diz respeito à imposição da monogamia como compulsória, explicitada na cultura e aparentando ser um sistema "onipresente" e natural para relacionamentos conjugais e que detém privilégios aos que se adequam a esse sistema (Porto, 2018;Costa & Ribeiro-Gonçalves, 2020;Conley, Matsick, Moors & Ziegler, 2017;Conley, Piemonte, Gusakova, & Rubin, 2018).…”
Intimate partner violence (IPV) is widely portrayed from a heterosexual point of view, and there are few representations of violence in homosexual intimacy. This article analyzes the literature on intimate partner violence in relationships between women who have sex with women. Methodologically, the study corresponds to an integrative literature review that analyzed 60 articles published in Portuguese, English, and Spanish, available in the SCIELO databases; CAPES journals; Virtual Health Library; Redalyc and Dialnet, published between 2012-2019. The findings are analyzed descriptively using an instrument developed by the authors, called the review protocol. The results are presented into five categories that discuss cultural aspects related to IPV in this population. 1st) Gender; 2nd) Intergenerational violence; 3rd) Minority stress; 4th) Substance abuse and 5th) Barriers to coping with IPV, which show the intergenerational influence on intimate violence and that gender stereotypes make intimate violence between women invisible by making them think of themselves as non-aggressors at the same time. Women are crossed by intersectionalities that accentuate the stress experienced by being a sexual minority, and the barriers to coping with IPV involve the State's lack of preparation to deal with non-heterosexual IPV.
“…A cidadania é um conceito historicamente construído com lutas e conquistas, que parte da compreensão dos membros de uma sociedade como participantes ativos, com direitos e deveres, da vida em comunidade nos seus mais variados aspectos (político, social, econômico) até uma compreensão mais ampla e atual que inclui o processo da coexistência equilibrada dos diferentes grupos e culturas (Porto, 2018). Cidadania é ainda saúde relacional (inter e intrapsíquica), é conscientização de si como parte de um contexto, é responsabilizar-se por sua saúde, recursos próprios e públicos, e por seu livre-arbítrio (Zampieri, 2005).…”
In this experience report as a therapist in a governmental program on the outskirts of the city of São Paulo, the goal was to understand, focusing on the socionomic methodology, how technicians and users of assistance service managed their day-to-day challenges in the community context. Two socio-dynamics were identified in the observed roles: the first one, named Victimized Bond System (VBS), assumes that most of the responsibility of the events belongs to third parties, involving expectation, guilt, scapegoating and consequent social exclusion; and the so-called Citizen Bond System (CBS), which attributes co-responsibility, involving dialogue and negotiation in search of viable solutions and generating social inclusion. VBS was proved less efficient in overcoming challenges and the socionomic intervention facilitated a transition from VBS to CBS.
“…A participante Carolina respondeu que é possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo: O..conjunto..destes..relatos..é..significativo porque historicamente -a partir da tradição europeia cristã -quando o sentimento de amor passou a ser considerado um dos pilares fundamentais da consagração da união (casamento ou união livre consensual e estável) as expectativas dos envolvidos sobre a vida a dois ficaram mais difíceis de serem satisfeitas, pois esperava-se que o amor e o desejo sexual permanecessem estáveis e exclusivos por toda a vida (ILLOUZ, 2012; 2019) -o que pode não acontecer na realidade de todos os relacionamentos. Uma alternativa a essas queixas e conflitos seria reconhecer que, talvez, os modelos tradicionais monogâmicos e exclusivistas de relacionamentos amorosos e sexuais não respondem às expectativas de todos os sujeitos (LINS, 2017), reforçando a importância e a necessidade de se considerar os aspectos pertinentes à cidadania sexual e afetiva não mononormativa (PORTO, 2018).…”
Section: Estar Com Outras Pessoas Não Muda O Que a Gente Sente Um Pelo Outro é Mais Um Envolvimento Assim Como Você Desenvolve Umaunclassified
“…Não à toa, devido às características tradicionais, patriarcais, misóginas e trans-homofóbicas de ampla parcela da sociedade brasileira, cujo histórico privilegiou a mononormatividade e os relacionamentos heterossexuais monogâmicos, foram perpetrados e replicados diversos preconceitos, discriminações e violências contra aqueles que não se adequavam/ adéquam a esse modelo (BALIEIRO, 2018). Por isso, Porto (2018) e Santos e Monteiro (2020) destacam a urgência de discutir as condições de uma cidadania sexual e afetiva não mononormativa que permita a inclusão e o reconhecimento destes sujeitos como detentores de plenos direitos. Em outras palavras, é preciso destacar que os relacionamentos não monogâmicos colocam em evidência o consentimento e a autonomia de decisão -fundamentos do estado de direito -dos sujeitos em suas vivências íntimas, afetivas, amorosas e sexuais (FERNANDES, 2020).…”
Nas últimas décadas uma das principais transformações sociais e sexuais foi o questionamento do ideal de relacionamento afetivo e sexual baseado na monogamia, sendo a não monogamia uma das suas principais manifestações. O objetivo desta pesquisa foi compreender relatos de mulheres que vivenciam ou vivenciaram relacionamentos amorosos e sexuais não monogâmicos. Dez mulheres com idades entre 20 e 34 anos que vivenciam ou vivenciaram ao menos um relacionamento não monogâmico foram entrevistadas. Seus relatos foram agrupados em três categorias a partir de uma análise de conteúdo temática. Os principais resultados destacaram: as transformações das intimidades no que se refere à liberdade afetiva e sexual; a multiplicidade de parceiros episódicos ou constantes; os questionamentos das opressões de gênero e de orientações sexuais heteronormativas e monogâmicas; a importância do diálogo como estratégia de resolução dos conflitos e de enfrentamento do ciúme. Todos esses resultados apontam para as transformações das intimidades contemporâneas que promovem a visibilidade de grupos, comunidades e sujeitos outrora reprimidos. É necessária a continuidade do debate visando alterar as opressões entre os gêneros ainda persistentes na sociedade brasileira.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.