ResumoEste estudo explorou o pensamento das mulheres que vivem em Acolhimento Residencial acerca da carreira e a relação com as subfunções valorativas e satisfação com a vida. (ISS, 2015), que caracterizou 11212 crianças, 8600 dos sujeitos (76,7%) encontrava-se em situação de Acolhimento. Os números e a vulnerabilidade associada aos percursos de vida destes jovens justifica a importância de estudar este grupo específico da população. Neste âmbito, a investigação tem analisado de que modo se processa a tomada de decisão de carreira em jovens com trajectórias de risco (Sousa & Taveira, 2005). Segundo a literatura, algumas das variáveis que podem influenciar as decisões de carreira são: a história individual, a raça e a etnia (Sousa & Taveira, 2005). As experiências no exterior da instituição e o conhecimento do mundo continuam a ser relativamente mais limitados nas crianças em regime de colocação residencial (Martins, 2005). Segundo Neves (2011) há uma tendência nos jovens que vivem em Acolhimento Residencial para percepcionarem menor satisfação com a vida, em relação aos jovens que não vivem em instituições. As teorias do desenvolvimento da carreira sugerem-nos que o género influencia os modos como se tomam decisões ao longo da vida (Fitzgerald & Betz, 1994;Leong & Brown, 1995). Tendo isso em conta, as mulheres tendem a orientar-se em direcção aos outros e os homens tendem a apresentar orientações que visam a gratificação. (Gouveia, 2001). Na sociedade actual, as considerações éticas na carreira assumem um maior significado, pois os indivíduos são obrigados a reflectir acerca do que é mais importante para eles e também para os outros (Duarte et al., 2010). Segundo Guichard (2006), que estudou estas considerações éticas associadas á carreira, os indivíduos deparam-se com um questionamento ético, quando se interrogam acerca das suas carreiras. Guichard (2009) defende a existência de duas formas de Reflexividade Ética (RE): o Self , onde ocorre um pensamento apenas a curto prazo e um foco em si próprio e o "Eu-tu-ele/ela", onde existe uma descentralização do self para um pensamento também no outro próximo e distante e ocorre um pensamento não só a curto mas a médio e longo prazo. Outra autora, Dumora (2010), refere um conjunto de categorias chamando-as de metareflexão, definindo-as como julgamentos espontâneos e autocríticas sobre as preferências e argumentações dos jovens. Para Dumora (2010) a metareflexão aumenta com a idade e no que toca aos adolescentes mais jovens, quando existe, foca-se em convicções pessoais. É tendo em conta as concepções destes e outros autores que Marques criou o Modelo Conceptual de Reflexibilidade Ética na Carreira, em que refere que a forma como os sujeitos pensam em relação à carreira pode-se dividir em três níveis: o nível 1: "pensamento em espelho", onde ocorre tal como a palavra "espelho" indica, uma