Mobilidade humana e saúde global

Abstract

O artigo propõe uma reflexão crítica sobre o crescimento da interface entre mobilidade humana e saúde global. Sustenta que a globalização econômica não propiciou a plena liberdade de circulação internacional das pessoas. Demonstra que a ampla maioria dos deslocados forçados dirige-se aos países em vias de desenvolvimento, que também têm acolhido cerca da metade do contingente de migrantes internacionais. Aponta que a resposta europeia ao aumento do fluxo de migrantes e refugiados ocorrido nos últimos anos e a recente epidemia de ebola na África Ocidental causaram o incremento da securitização da temática da mobilidade humana. Por fim, o artigo propõe a retomada da centralidade do Regulamento Sanitário Internacional como a melhor forma de garantir o direito de migrar durante as crises sanitárias de alcance global

How Are Forcibly Displaced People Affected by the COVID-19 Pandemic Outbreak? Evidence From Brazil

“…Even before the COVID-19 pandemic outbreak, migrant and refugee populations were already more vulnerable than nationals because they had higher chances of living in poverty, having mental health and chronic diseases ( Truman et al, 2009 ), facing barriers to access the health system ( Kluge et al, 2020 ; Truman et al, 2009 ) and information ( Júnior et al, 2020 ; Kluge et al, 2020 ). Ventura (2015) explains that the vulnerability of refugees and immigrants also depends on individual characteristics such as age, gender, special needs, educational levels, and sexual orientation as well as structural causes like living and labor conditions, level of juridical protection, migration status, cultural and linguistic barriers, level of protection and risk of living in camps and detention centers.…”

“…Migrants and refugees are generally left behind in global health discussions ( Ventura, 2015 ). Moreover, they are a neglected, left-behind group in national responses to the pandemic ( Raju & Ayeb-Karlsson, 2020 ).…”

Border Regimes and Pandemic Law in Time of COVID-19: A View from Brazil

“…7 In Brazil, however, with a social demographic characterized by extreme social inequality and with significant sections of the population permanently exposed to precarious living conditions, migrants and refugees tend, even under "normal" circumstances, to live on the margins of the margins. 8 With the pandemic having dramatically exacerbated existing health-and socio-economic vulnerabilities for the entire population, migrants and refugees risk being pushed over the edge (or, literally, across the border). 9 In this context, a generalized human rights response is less likely to provide the necessary remedies, as, by its nature, it is not well equipped to distinguish between migrants and refugees, on the one hand, and the many other affected vulnerable populations, on the other.…”

"Falta Um Jorge": A Saúde Na Política Municipal Para Migrantes De São Paulo (Sp)

“…Como palco de conflitos e contradições, a cidade global cria aberturas para que atores polí-ticos antes invisíveis passem a reivindicar direitos à cidade, representando uma espécie de "zona de fronteira" na luta por direitos (Sassen, 2006, p. 314). Nesse contexto, cresce a interface entre a mobilidade humana e a saúde global, visto que tanto as políticas migratórias como a sua ausência causam impacto significativo sobre a saúde dos migrantes (Ventura, 2015).…”