O texto a seguir é um estudo feito a partir daquele que talvez seja o mais conhecido ensaio de Benjamin sobre a linguagem, Sobre Linguagem em Geral e Sobre a Linguagem dos Homens, escrito em 1916, e que junto a outro, A Tarefa do Tradutor, escrito em 1921, perfazem em conjunto a filosofia da linguagem do referido autor. Neste estudo, pretendemos elencar alguns elementos que estão presentes nas noções de Crítica encontradas na obra de Walter Benjamin. Cabe ressaltar que embora a obra de Benjamin não seja homogênea, sofrendo uma série de transformações ao longo do percurso biográfico do autor, é possível, com o termo Crítica, salientar um sentido conceitual, que se reflete da abordagem sobre a linguagem realizados nestes ensaios de seus primeiros escritos.O texto de 1916 começa dizendo que "toda manifestação da vida espiritual humana pode ser concebida como uma espécie de linguagem" (BENJAMIN, 2009, p.49). Tem-se aqui o que a nota da edição brasileira coloca da melhor maneira possível: na distinção entre Sprache e Rede vigora uma distinção binária, que no português fica melhor descrito a partir de uma distinção ternária: língua, linguagem e palavra, na medida em que Sprache pode ser traduzido por língua ou linguagem, e com isso também se possa falar de uma linguagem das coisas e dos animais, paralelamente à linguagem dos homens, o que estende a dimensão do sentido da linguagem: toda comunicação de conteúdos espirituais é língua, linguagem, sendo a comunicação pela palavra apenas um caso particular (…) mas a existência da linguagem estende-se não apenas a todos os domínios de manifestação do espírito humano, ao qual, num sentido ou em outro, a língua sempre pertence, mas a absolutamente tudo. (BENJAMIN, 2009, 50) Benjamin ao trazer a linguagem para a esfera total dá um passo definitivo em direção à concepção imediata, mágica e infinita da linguagem. Em direção a esta concepção, ele começa dizendo que não podemos "representar em parte alguma uma total ausência de linguagem" (BENJAMIN, 2009, 51), e que, ainda que a total ausência de linguagem pudesse ser uma ideia, ela seria uma ideia infecunda mesmo lá "no domínio daquelas ideias que definem, em seu âmbito, a ideia de Deus" (BENJAMIN, 2009, 51).