<p>Ao longo dos anos 90, as teorias da transição democrática, embasadas na construção de instituições democráticas, começam a ser refutadas, e surge a necessidade de estudar as formas de relacionamento entre o Estado, as instituições políticas e a sociedade. Para a construção de tal abordagem, a incorporação do conceito de esfera pública faz-se necessária, pois ela se apresenta como um espaço discursivo que incorpora os diferentes atores surgidos ao longo do processo de democratização. Assim, é possível identificar a existência de diferentes grupos sociais na esfera pública e essa divisão está demarcada não apenas socialmente, mas também espacialmente, entre as sociedades desenvolvidas e as subdesenvolvidas. A discussão acerca da esfera pública revela-se, deste modo, parte de uma discussão mais ampla. Buscando avançar nesta discussão, o presente trabalho procura analisar as possíveis inter-relações entre as noções de esfera pública e desenvolvimento. Para a análise aqui proposta, partimos no segundo capítulo para uma breve discussão em torno das teorias de desenvolvimento. No terceiro capítulo, apresentamos as transformações por que vem passando a esfera pública e as implicações decorrentes deste processo. Em seguida, analisamos as possíveis inter-relações entre as noções de esfera pública e desenvolvimento sob duas perspectivas, das <em>assimetrias</em> e da <em>autonomia</em>. Acerca das assimetrias, foi possível perceber que as assimetrias presentes na esfera pública são reflexos de processos mais amplos, os modos de integração dos povos na civilização industrial. Quanto à autonomia, a esfera pública ganha força, pois se passa a reconhecer que os meios de comunicação utilizados para influenciar o público são <strong>um</strong> dos fluxos comunicativos da esfera pública.</p>