Micotoxinas na dieta de bovinos de corte: revisão

Abstract

Esta revisão foi realizada com o objetivo de fazer um breve histórico, caracterizar, descrever as alterações metabólicas, sinais clínicos, métodos de prevenção, controle e detoxificação das principais micotoxinas consumidas por bovinos de corte. Após a descoberta da aflatoxina e dos problemas que esta pode causar para os animais e também em humanos, principalmente câncer, as pesquisas científicas aumentaram ano após ano, e hoje são descritos mais de 18000 metabólitos secundários produzidos por fungos, porém os mais estudados são: aflatoxinas, ocratoxina A, tricotecenos, zearalenona, patulina, fumonisina e alcaloides de Ergot. Os ruminantes de uma forma geral necessitam de maiores concentrações de micotoxinas na dieta quando comparados aos monogástricos para apresentarem sintomas clínicos de intoxicação. Isso acontece pelo fato de que algumas de micotoxinas podem ser parcialmente ou totalmente degradadas pelos microrganismos ruminais. Porém, a fermentação ruminal não resulta necessariamente em inativação da toxina, e a extensão da metabolização depende além do tipo de micotoxina consumida, da espécie animal, idade, sexo, raça, tipo de dieta e consequentemente dos tipos de microrganismos que habitam o rúmen. Além disso, algumas micotoxinas possuem ação antimicrobiana, e podem alterar negativamente o metabolismo ruminal. A presença de micotoxinas na dieta pode afetar além da saúde o desempenho produtivo e reprodutivo o que pode levar a altas perdas econômicas. Assim os sistemas de produção de alimentos para bovinos devem adotar práticas agrícolas que minimizem a produção desses metabólitos.

Mycotoxins and their alarming reach to cattle: Review

“…Algumas das micotoxinas produzidas por este gênero são conhecidas como Aflatoxinas, dos tipos B1, G1, B2 e G2, as quais são pouco degradadas no rúmen. Todavia, caso a Aflatoxina B1 seja degradada, produz o aflatoxicol, altamente tóxico para a microbiota ruminal, afetando seu crescimento e atividade metabólica (Vedovatto et al, 2020).…”

“…Bovinos leiteiros têm sua produção diminuída e bovinos em fase de crescimento apresentam baixo ganho de peso. Caso ocorra uma intoxicação aguda, apesar de ser rara, os animais acometidos podem apresentar edema submandibular, fotodermatite, algumas alterações nervosas e diarreia (Pierezan et al, 2010;Vedovatto et al, 2020).…”

“…Tal intoxicação pode provocar aumento uterino, inchaço da vulva, glândulas mamárias e mamilos, prolapso da vagina ou reto, prolongamento ou interrupção do cio e pseudociese (Santos et al, 2010). Outra micotoxina descrita é a fumonisina, tóxica para o metabolismo ruminal, quando ingerida em doses altas (Vedovatto et al, 2020).…”

“…Alguns dos sinais de intoxicação animal são agitação, convulsões e hemorragia na forma aguda; enquanto na crônica, os efeitos são neurotóxicos, cancerígenos e imunotóxicos. Todavia, por ser altamente degradada no rúmen, os riscos são menores (Vedovatto et al, 2020).…”

Incidência De Micotoxinas Em Milho Nos Estados Do Paraná, Mato Grosso E Mato Grosso Do Sul Entre 2015 E 2018 / Incidence of Mycotoxins in Maize in the States of Paraná, Mato Grosso and Mato Grosso Do Sul Between 2015 and 2018

“…As AFLs são um grupo de micotoxinas estruturalmente semelhantes, produzidas principalmente por Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus, sendo o grupo de micotoxinas mais tóxicas e com o maior impacto na produção de animais de corte (COLE e COX, 1981;ARRUDA e BERETTA, 2019;VEDOVATTO et al, 2020). As AFLs constituem um grupo de aproximadamente 20 metabólitos fúngicos, embora somente as AFLs B1, B2, G1 e G2 sejam consideradas metabólitos tóxicos e são normalmente encontradas em alimentos.…”