Desde a década de 1970, o Ministério da Saúde do Brasil instituiu o Programa Nacional de Imunização (PNI), que precedeu o Sistema Único de Saúde e que lhe foi incorporado e fortalecido, devido ao modelo descentralizado aos municípios, mas de comando único ao nível central. Seu objetivo era e ainda é coordenar as ações de vacinação para controlar, erradicar e eliminar doenças imunopreveniveis.Em 50 anos de existência do programa, além de oferecer cobertura gratuita para todos os brasileiros, as ações do PNI costumeiramente foram aumentadas com o passar do tempo, diversificando a variedade de imunobiológicos implantados nos calendários de rotina de vacinação ou oferecidas como imunobiológicos especiais, bem como o quantitativo de vacinas oferecidas à população, tornando-se assim um dos maiores programas de vacinação pública do mundo.Dessa forma, o PNI colaborou na prevenção de diversas enfermidades, com quedas significativas das taxas de incidência de doenças imunopreveníveis e melhoria de indicadores de saúde, promovendo impacto positivo na expectativa de vida da população brasileira (1) . Por outro lado, a diminuição da incidência de algumas doenças trouxe uma falsa ideia dos seus desaparecimentos, gerando baixa adesão à vacinação e diminuindo a importância dada às vacinas como principal meio de prevenção.Em estudo publicado em 2020, o Sistema Nacional de Vigilância do PNI identificou diminuição da cobertura vacinal desde 2010 e heterogeneidade entre os municípios, trazendo, em consequência, a reintrodução de doenças controladas, como sarampo e poliomielite (2) .Esse contexto, acentuado com o isolamento social gerado pela pandemia do coronavírus, com a agravante e constante disseminação de fake news ocasionada pela expansão dos meios de comunicação, particularmente com a presença da internet e seu elevado poder de propagação (3) , somado ao desconhecimento da população sobre a temática, contribuiu para comportamentos como hesitação e recusa vacinal, com queda nas coberturas vacinais de forma bastante negativa. Materiais da internet mostram conteúdos em que dúvidas são colocadas junto aos apelos emocionais, misturados com notícias reais entre as falsas, o que acaba gerando credibilidade à desinformação veiculada (4) .A enfermagem, que tem contribuído para a efetividade do PNI ao longo do tempo, empreendendo suas competências técnicas, científicas e éticas no seu desenvolvimento, depara-se com este novo desafio: a hesitação e a recusa vacinal decorrentes de inverdades que tentam descontruir o conhecimento científico embasado em evidências e métodos científicos.Considerando-se o protagonismo da enfermagem no PNI, o mesmo deve-se atentar para embasar o seu trabalho nas melhores e mais recentes evidências científicas, considerando a constante evolução de conhecimento e sendo capaz de promover educação em saúde dentro e fora das Unidades Básicas de Saúde, apropriando-se de e disseminando as informações sobre a vacinação com embasamento científico e adaptado ao nível de compreensão da sociedade.