Problematizamos, neste estudo, o fazer argumentativo de textos pré-digitais e digitais nativos, marcadamente passionais, que visam a agir sobre o interlocutor através da mobilização de emoções. Teoricamente, este estudo articula conceitos provenientes das teorias de texto, do discurso e da enunciação. Sustentamos a hipótese de que, no campo da argumentação, a busca pelo acordo (ou desacordo) pode ser um ponto de geração de emoção, principalmente ancorada no preferível, ou seja, no campo dos valores e das crenças, que são empaticamente mobilizados. Objetivamos, assim, discutir, pela comparação entre carta de suicídio e postagem no Instagram, que tipo de orientação argumentativa é explorada pelos enunciadores. Os resultados da análise indicam que os textos são construídos de forma muito similar, no sentido de articulação dos pontos de vista e escolha dos tipos de argumentos (real/preferível) com a ação de linguagem visada pelos sujeitos. Nos gêneros discursivos que apelam para o sensível, parece haver uma problemática muito maior quanto ao uso de valores, dos fatos e das provas no interior das orientações argumentativas. Trazer ou questionar valores e interesses seria também uma forma de trazer emoção ao discurso e de defender pontos de vista empaticamente.