RESUMO: Em algumas famílias, são os irmãos mais velhos que se encarregam de cuidar, proteger e educar os mais novos, assumindo tarefas que, em geral, são realizadas pelos progenitores. Assim, sancionar atos e dar castigos é algo que faz parte de suas vidas. O objetivo deste estudo foi examinar os tipos de sanção escolhidos por adolescentes de nível socioeconômico baixo, que cuidam e educam regularmente seus irmãos. Entrevistaram-se individualmente 16 adolescentes entre 12 e 16 anos, de ambos os sexos, a partir de três histórias sobre justiça retributiva. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo, a partir da qual se construíram categorias considerando-se: (a) o conteúdo das sanções prescritas, (b) as justificativas apresentadas pelos participantes e (c) os tipos de sanção: expiatória ou por reciprocidade. A maioria dos participantes preferiu sanções por reciprocidade, embora alguns ainda pensem que a expiação é uma boa forma de corrigir alguém que fez algo errado. Observou-se uma descrença na eficácia do castigo mais que uma crença no diálogo. Considerando-se que esses adolescentes participam ativamente da educação de seus irmãos menores, seria importante promover junto a esses jovens uma reflexão sobre o seu papel educativo. Espera-se que os resultados apresentados possam contribuir para que pesquisadores e profissionais compreendam a importância desses adolescentes enquanto educadores de seus irmãos mais novos. PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento moral; educação moral; justiça; punição; adolescentes.ABSTRACT: In some families, the older siblings are in charge of caring, protecting and educating the young, taking on tasks that are usually carried out by the parents. Penalizing actions and punishing is thus something that is a part of their lives. The goal of this study was to investigate the types of sanction chosen by low-SES adolescents who regularly care for their siblings. We interviewed, individually, 16 12-to 16-year-old adolescents, of both sexes, regarding three stories featuring retributive justice. The data underwent content analysis, from which categories were constructed by considering: (a) the content of the sanctions prescribed, (b) the justifications given by participants and (c) the types of sanction: expiatory or involving reciprocity. The majority of participants preferred punishments involving reciprocity, although some also thought that expiation is a good way to correct someone who did something wrong. We observed a greater disbelief in the efficacy of punishment than a belief in dialog. These results reinforce the idea that a preference for either expiatory sanctions or for reciprocity varies not only by age but also by the child-rearing practices valued in the contexts in which the individuals are situated. Considering that these adolescents participate actively in their siblings' education, it would be important to encourage them to reflect on their educative role. We