Evidências reforçam que a abreviação do jejum perioperatório reduz complicações e desconfortos evitáveis. No entanto, a realidade do jejum prolongado persiste e compromete a segurança alimentar e nutricional do paciente cirúrgico em hospitais brasileiros. O presente estudo teve como objetivo investigar as características de jejum alimentar e hídrico de pacientes oncológicos no período perioperatório. Participaram sessenta pacientes admitidos para cirurgias eletivas no tratamento de canceres do trato gastrointestinal. À beira do leito, um questionário foi aplicado e complementado por registros do bloco cirúrgico e prontuários. Durante o jejum, cerca de 1 hora antes e 4 horas após a cirurgia, os pacientes relataram a última e a primeira refeição e ingestão de água, intercorrências alimentares, fome e sede. Foi conduzida análise estatística descritiva e inferencial. Houve grande variação de duração com mediana de 17 horas (mín. 5 -máx. 330) do jejum pré-operatório alimentar e 14,1 horas (mín. 2,25 -máx. 417) do jejum hídrico. No pós-operatório a mediana do jejum alimentar e hídrico foi de 19,2 horas (mín. 2,42 -máx. 200) e 21 horas (mín. 2,5 -máx. 201) respectivamente. O jejum alimentar e hídrico foi demasiadamente prolongado e alheio à características determinantes de risco nutricional como a faixa etária, a oferta dietética pré e pós-jejum, as intercorrências alimentares e o desconforto por fome e sede.Palavras-chave: Assistência perioperatória. Segurança do paciente. Segurança alimentar e nutricional. Oncologia cirúrgica.