Na Península Ibérica, a historiografia sobre a Inquisição ganhou impulso nos idos de 1990 e as pesquisas resultaram na produção de uma vasta literatura a respeito da atuação do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição. Em Portugal, as investigações foram facilitadas com a ampliação do acesso aos arquivos abrigados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, no qual podem ser contabilizados mais de quarenta mil processos, além de variados núcleos documentais. A pesquisa ganhou maior complexidade com as recentes investigações relativas à presença feminina na documentação inquisitorial e, em particular, de mulheres acusadas de preservação de práticas judaicas. A teia das relações abrangidas pela territorialidade colonial – distando sujeitos, fortalecendo hierarquias e suscitando formas distintas de atuação – delimita o pano de fundo sobre o qual se assenta o presente trabalho, sobre o papel das mulheres associadas ao criptojudaísmo em três grupos de cristãos-novos, nas capitanias do Rio de Janeiro (GORENSTEIN, 2005), da Bahia (ASSIS, 2012) e de Pernambuco (VEIGA, 2013).