Índice jornalístico da cultura em suplementos: panorâmica editorial do caderno Cultura de Zero Hora (2006-2009)

Abstract

UFRGS Jornalista. Foi Bolsista de Iniciação Científica durante a realização desta etapa da pesquisa.

A projeção da cidade nas efemérides jornalísticas: estudo do suplemento Cultura de Zero Hora (2006-2009)

“…Diante de nossa capacidade de registro desses lugares simbólicos, uma questão vem à tona: registramos a memória para poder lembrar ou esquecer? Como explica Gagnebin (2009;2014), o surgimento desse paradoxo remete à origem da própria escrita enquanto uma das mais antigas formas de tentar transformar em signos a forma abstrata da lembrança: o termo sèma, da qual deriva a palavra "signo", também significa, em sua origem, túmulo.…”

“…Não é por acaso que as inscrições funerárias estejam entre os primeiros rastros de signos escritos. Gagnebin (2009;2014) esclarece que o trabalho de pesquisa e de criação de significação também é, ao mesmo tempo, um trabalho de luto. Registramos, na verdade, para poder enterrar o passado; mas, ao mesmo tempo, o túmulo é um memorial que lembra as façanhas do morto, que registra a sua existência para que ele não seja esquecido.…”

“…Após a panorâmica quantitativa da presença da efeméride no total de 208 edições, buscamos, nesse item, uma leitura qualitativa a fim de tensionar nosso objeto em torno da (GOLIN et al, 2014) sobre o caderno apontaram que a abrangência dos conteúdos e sua expansão para além da fronteira regional fazem do caderno Cultura um contraponto ao apelo hiperlocalista do jornal de origem. Os conteúdos ultrapassam em muito a geografia circunscrita da proximidade, mesmo que os ganchos jornalísticos -a maior parte pautado pelo evento -, acusem a força e o critério do local.…”

“…Este excerto, entrelaçando memória, escrita e cidade, lembra não apenas Gagnebin (2009;2014), citada anteriormente, como também o clássico estudo sobre a história da cidade de Mumford (1998, p. 13) Não é de se estranhar que Porto Alegre -uma cidade de fronteira na perspectiva do imenso Brasil -tenha se transformado num centro de psicanálise a nível nacional e internacional. No fim das contas, lugares de fronteira, como acabamos de argumentar, são lugares propícios para a psicanálise.…”

“…Estudos realizados (GOLIN et al, 2014) apontaram que o suplemento aqui estudado rege-se, especialmente, pelo valor da notoriedade e, apesar do leque eclético e abrangente de temáticas, tem no mercado editorial um dos eixos fundamentais de produção de pautas. A narrativa em fragmentos sobre a cultura, proposta pela publicação, estrutura-se no acontecimento repetitivo e pré-agendado da maioria das pautas (eventos) e pela presença privilegiada da efeméride.…”