Incidentes na assistência das parturientes e recém-nascidos: perspectivas das enfermeiras e médicos

Abstract

Resumo Objetivo descrever os incidentes na assistência das parturientes e recém-nascidos, seus fatores contribuintes e medidas preventivas na perspectiva das enfermeiras e médicos. Método pesquisa qualitativa em maternidade pública do Município do Rio de Janeiro, com Núcleo de Segurança do Paciente registrado. Realizaram-se entrevistas com 18 enfermeiras e médicos atuantes no centro obstétrico e duas enfermeiras integrantes desse Núcleo, de fevereiro a abril de 2019. Utilizaram-se referenciais da Análise de Conteúdo Temática e Segurança do Paciente. Resultados os principais incidentes são erros na identificação dos pacientes, quedas da mãe e do bebê e eventos danosos causados pelas práticas inadequadas; desrespeito e maus-tratos às parturientes; ausência de notificações dos eventos; restrições de pessoal e recursos; limitações no conhecimento da equipe e apoio da gestão às ações de segurança do paciente. As medidas de prevenção são pertinentes às adequações e às melhorias da estrutura e processo de assistência e gerência dos cuidados. Conclusão e implicações para a prática os incidentes são erros e danos, cuja prevenção requer qualificação do processo e estrutura da assistência, comprometimento dos profissionais e gerentes com a segurança das pacientes, e mudanças na cultura organizacional que também abarquem o enfrentamento da violência institucional obstétrica.

Concepções das enfermeiras sobre assistência segura à mulher na gestação e parto

“…Para Marcolin (2015) a promoção da segurança obstétrica requer uma assistência pautada na prevenção de riscos e minimização os danos, visto que é o mais importante componente da qualidade e pode ser definida como a prevenção, a melhoria e a correção dos resultados adversos provenientes do processo assistencial, tanto no âmbito dos pacientes que recebem os cuidados quanto em relação aos profissionais que os realizam. Nessa perspectiva, recomendam-se diretrizes clínicas baseadas em evidências; listas de verificação padronizadas, processos de comunicação adequados e trabalho em equipe, com comprometimento e responsabilidade pela continuidade e oferta dos cuidados ao paciente (Rodrigues, Pereira, Pessanha & Penna, 2021).…”

“…Destaca-se, entretanto, que as mesmas ainda têm dificuldades em assumir um papel ativo no trabalho de parto devido a cultura de submissão a que estão submetidas. O desrespeito e os maus-tratos durante o processo assistencial podem causar danos emocionais e físicos no parto, sendo considerados como eventos adversos para a mulher e o bebê (Rodrigues et al, 2021).…”

Estratégias de prevenção e redução da violência obstétrica no Brasil: Uma revisão integrativa

“…Isso se justifica, pois uma gestão participativa, no campo do parto e nascimento, permite a manutenção de equipamentos e de profissionais em quantidade adequada para ofertar um cuidado unificado e centrado na mulher. Para tanto, é necessária a criação de protocolos para acompanhamento do parto e comunicação efetiva, promovendo o engajamento da equipe e reconhecimento da assistência à parturiente como um sistema complexo que envolve atores corresponsáveis (Rodrigues et al, 2021;Zanardo et al, 2017;Paula et al, 2020;Policarpo, 2021;Bitencourt et al, 2022).…”

“…Levando-se em consideração a grande dificuldade de constatação da VO, já mencionada, na maioria dos casos, devido à falta de conhecimento técnico tanto da vítima quanto de seu acompanhante, é notável, como forma de prevenção, a elaboração e compartilhamento de cartilha explicativa, indicando possíveis situações de desrespeito e agressões aos direitos da mulher no momento da parturição (Almeida & Barbosa Ramos, 2020;Zanchetta et al, 2021;Moreira do Nascimento et al, 2022). Da mesma maneira, a promoção de discussão em grupos de gestantes sobre a temática se demonstra essencial para elevar o nível de conhecimento social e reduzir a ocorrência das diversas formas de abuso (Rodrigues et al, 2021;Zanchetta et al, 2021). Esse compartilhamento de informações pode ser potencializado através da conectividade, com o uso das mídias e tecnologias de informação, como ferramentas importantes de comunicação entre as mulheres na promoção da saúde feminina e combate à VO (Moura et al, 2018).…”

Qualidade da assistência e humanização do cuidado à saúde da mulher no período de parto no contexto de São Tomé e Príncipe, África Subsaariana

“…A mortalidade materna é caraterizada como um problema de saúde pública, definida como morte de uma mulher durante a gravidez ou no período de 42 dias após o seu término (Martins & Silva, 2018;Dos Reis et al, 2015), permanecendo como um dos desafios enfrentado pelos serviços de saúde, principalmente nos países em via de desenvolvimento (Dos Reis et al, 2015). O acesso ao serviço de saúde adequado, bem como ao atendimento de qualidade e de forma humanizada são apontados como estratégias relevantes para diminuir os riscos de mortalidade materna e infantil (Rodrigues et al, 2021).…”