A hemoglobina glicada (A1C) tornou-se um exame essencial no controle do paciente diabético após a publicação dos estudos clínicos do Diabetes Control and Complications Trial (DCCT), em 1993 (3) , e do United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS), em 1998 (9) . Esses estudos revelaram que a manutenção do nível de A1C abaixo de 7%, no paciente diabético, proporcionaria redução considerável no risco para o desenvolvimento de complicações crônicas do diabetes mellitus (3,9) .No ano de 2009, uma comissão internacional de especialistas definiu o uso da A1C também para fins diagnósticos, estabelecendo o valor acima de 6,5%, confirmado em uma segunda dosagem, como critério diagnóstico para o diabetes mellitus. Para essa finalidade, a metodologia para dosagem da A1C deve possuir a certificação do National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP) (1) .O NGSP avalia os métodos existentes no mercado mundial para dosagem de A1C com o intuito de verificar se eles produzem resultados compatíveis com a metodologia utilizada pelo DCCT. Caso essa equivalência não seja observada, avalia-se a possibilidade de se estabelecer um cálculo matemático para correção do resultado, tornando o método rastreável em relação àquele utilizado pelo DCCT (4)(5)(6)(7)(8) .O conhecimento prévio dos interferentes é fundamental para que o laboratório clínico assessore o médico diante de um resultado aparentemente inconsistente. Nesse sentido, o NGSP descreve os potenciais interferentes com a finalidade de auxiliar os laboratórios clínicos na escolha da melhor metodologia para a dosagem da A1C, a qual está disponível no site www.ngsp.org/interf.asp (4) .
Entre os principais interferentes, destacam-se:• presença das variantes genéticas da hemoglobina -as hemoglobinas S ou C, por exemplo, na condição heterozigótica, podem produzir interferências na medida da A1C, resultando valores falsamente elevados ou diminuídos, de acordo com o tipo de método de ensaio utilizado. A dosagem de A1C não se aplica nas condições de homozigose para hemoglobinas anômalas, por qualquer metodologia, pois, nesses casos, a hemoglobina A encontra-se praticamente ausente. Nessas situações, um exame alternativo, como a frutosamina ou albumina glicada, poderá ser útil (2,5,6,8) ;• as doenças que alteram o tempo de sobrevida das hemácias, como anemia hemolítica e hemorragia, podem resultar valores falsamente baixos (5,6,8) ;• a presença de grandes quantidades de vitaminas C e E é descrita como um dos fatores que podem induzir a resultados falsamente diminuídos por inibirem o processo de glicação da hemoglobina (5,6,8) ;