Implicações da Cegueira Congênita na Imagem Corporal: Uma Revisão Integrativa

Abstract

RESUMO Este estudo objetiva investigar, por meio de uma revisão integrativa, as principais implicações da cegueira congênita na imagem corporal. Um processo de buscas de artigos, sem limite de data de publicação, com os descritores “congenital blindness” e “congenitally blind”, nas bases SCOPUS, PsycINFO, Web of Science e PubMed, foi utilizado. Dentre as 3.612 publicações identificadas, 20 foram analisadas. Discutiu-se as implicações da cegueira em cinco áreas distintas: transtorno alimentar, representação do self, insatisfação corporal, experiência corporal e representação neural de autoconceito. Concluiu-se ser fundamental valorizar um complexo conjunto de fatores psicossociais no desenvolvimento da pessoa com cegueira congênita, que poderia impactar de modo positivo ou negativo a formação da imagem corporal.

Questões sobre sexualidade e educação sexual: novos paradigmas e horizontes

“…Algumas pesquisas apontaram que a falta de educação sexual para pessoas com deficiência visual pode trazer várias consequências no processo de desenvolvimento, principalmente para aquelas com cegueira congênita, que já nasceram sem nenhuma leitura visual do ambiente (Cozac, Pereira & Castro, 2016;Kapperman & Kelly, 2013;Kelly & Kapperman, 2012;Morgado et al, 2019;Salehi et al, 2015). A falta de educação sobre a sexualidade pode gerar um conceito distorcido em relação à representação do self 13 , o que impacta diretamente no desenvolvimento da identidade social e sexual (Salehi, et al, 2015).…”

“…Esse posicionamento ratifica o entendimento de que as famílias e demais instituições sociais tendem a infantilizar, estigmatizar ou atribuir à pessoa com deficiência visual a ausência de sexualidade, e, por este motivo, tendem a não realizar a educação sexual de maneira adequada (Cozac et al, 2016;Kapperman & Kelly, 2013;Kelly & Kapperman, 2012;Morgado et al, 2019;Salehi et al, 2015). Isso pode estar relacionado ao próprio entendimento do conceito de sexualidade por Maria.…”

“…Para a pessoa com deficiência visual, esse processo depende das informações a que tem acesso, incluindo a educação recebida pelos pais e/ou responsáveis (Maia, 2019). Desse modo, os questionamentos apontados por Maria podem ser fruto da falta de informações causada ela ausência de educação sexual, o que ocasiona conceitos alterados sobre o self (Cozac et al, 2016;Kapperman & Kelly, 2013;Kelly & Kapperman, 2012;Morgado et al, 2019;Salehi et al, 2015).…”

“…Portanto, é necessário que seja proporcionada às pessoas com deficiência visual uma educação sexual mais objetiva (diferenças anatômicas, por exemplo) e que leve em conta aspectos subjetivos da sexualidade (o conceito de beleza, erotismo, atração, afeto, paquera, noções de gênero e orientação sexual etc.) (Bruns, 2008;Maia, 2019;Morgado et al, 2019;Pinel, 1999).…”