“…Nas duas, a teoria funciona como sustentação para sua escuta, único método da investigação psicanalítica: "a teoria só pode funcionar como filtro para que apenas as palavras sejam ouvidas e não os gritos", sendo o grito uma analogia com o inaudito, ou seja, aquilo que não se consegue dizer e que esconde o sujeito (Zygouris, 1979. Rasia (2006), pesquisando sobre pacientes com câncer com longos períodos de internação, exemplifica as dificuldades do psicanalista diante de um paciente que não consegue construir uma narrativa particular que dê sentido ao sofrimento, respondendo às solicitações pela via do imaginário, ou seja, por construções discursivas e imagéticas que reproduzem o discurso construído por uma dada coletividade e não implicam a subjetividade do narrador, porém atuam sobre ela produzindo efeitos de negação e alienação. A impotência em narrar reflete a impotência em agir, e assim, o paciente não consegue endereçar nenhuma produção ao outro, distanciando o psicanalista de seu universo psíquico.…”