Homofobia e violência moral no trabalho no Distrito Federal

Abstract

n this paper we deal with forms of moral violence at work involving male homosexuals in the Distrito Federal, (Brazil). We interviewed Brazilian gay workers to register their life histories and their reports of discrimination suffered because of their sexual orientation. The collected data underwent content analysis under two main categories: life in society and life in organizations. The main results reveal the existence of an explicit and non-explicit moral violence context, and of omission by the upper hierarchy as regards these practices. We conclude that this study contributes to an understanding of moral violence at work, showing the need for organizations to work on the prevention and combat of discrimination at any level.

“Foi como se a gente tivesse visto a morte”

“…Nossos resultados reiteram os de outras pesquisas que revelam alta prevalência de discriminação, violência e problemas de saúde mental entre pessoas com práticas homossexuais (JORM et al, 2002;COCHRAN, SULLIVAN, MAYS, 2003;SIQUEIRA et al, 2009;SOLIVA, SILVA JUNIOR, 2014;PERUCCHI, BRANDÃO, VIEIRA, 2014). Cerca de dois, em cada cinco respondentes do inquérito relataram passar por situação violência por orientação sexual; cerca de um, em cada três, passar por situação discriminação por orientação sexual; aproximadamente dois, em cada três, relataram sofrimento psíquico no último ano.…”

“…, p.140-158 ISSN:2446 por orientação sexual que os masculinos. As narrativas apontam que a estigmatização das "pintosas" ocorre ao longo de toda a vida, chegando inclusive ao trabalho -como também mostram Siqueira et al (2009). Os homens efeminados apresentam maiores percentuais de sofrimento psíquico que os másculos e as principais razões relatadas, tanto nas narrativas biográficas como no inquérito, são "problemas familiares" e com a "orientação sexual".…”

“…), e podem, a depender de contexto e/ou ponto de vista, ser significadas como um ou outro estilo corporal. Do mesmo modo, como relatam Wagner e Marcos, para se proteger da estigmatização, muitos homens aprendem a "disfarçar", agenciando circunstanciamente elementos que configuram masculinidade e, em contextos homófilos, se apresentam como gostam -fenômeno igualmente identificado por Perucchi et al (2014) e Siqueira et al (2009). Assim, sugerimos que a estigmatização em relação aos "não sei" é menor que a relatada pelos efeminados porque, no olhar do outro e/ou enquanto "disfarces" de si mesmos, eles configuram masculinidade hegemônica.…”

“…Assim como Soliva, Silva Junior (2014), Perucchi et al (2014), Siqueira et al (2009) e Seffner (2013 queremos destacar o papel da família na estigmatização da homossexualidade. Ela aparece como importante razão de sofrimento para as três categorias de estilo, e esteve presente como fonte de violência e, portanto, objeto privilegiado de "disfarce" para muitos interlocutores das entrevistas biográficas.…”

“…Também chama atenção para os altos índices de discriminação, violência e problemas de saúde mental entre homossexuais, quando comparadas às ocorrências entre heterossexuais (JORM et al, 2002;SUSAN et al 2003;TEIXEIRA-FILHO, RONDINI, 2012;SEFFNNER, 2013;SIQUEIRA et al, 2009;SOLIVA, SILVA JUNIOR, 2014;PERUCCHI, BRANDÃO, VIEIRA, 2014). Ainda que vários estudos ressaltem a importância das categorias de gênero (masculino/feminino) para a regulação da vida sexual dos HSH (FRY, 1983;PARKER, 1991e RIOS et al 2017, esse aspecto não tem sido devidamente abordado em estudos sobre estigmatização e saúde mental com base em análise estatística de inquéritos comportamentais.…”