“…Nesse contexto, a preocupação com recursos ambientais e conflitos interestatais no pós-Guerra Fria aumenta com o alargamento do conceito de segurança, criando a noção de segurança ambiental, que ganha espaço gradual a partir do Relatório Brundtland, o qual aponta desenvolvimento "insustentável" e conflito (Barnett, 2001;Sachs;Santarius, 2007). A água se insere, assim, na questão de segurança internacional devido ao seu potencial conflituoso, pois passou por processos de securitização 9 em diversas regiões do globo (Oriente Médio, sul da Ásia, África subsaariana, entre outros espaços) e a segurança hídrica tem sido tema de diversos documentos internacionais, como o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2006, que estabeleceu o direito humano de ter acesso a uma quantidade suficiente de água de qualidade, a um preço acessível, que possa contribuir para uma vida saudável, digna e produtiva e, ao mesmo tempo, permita que os ecossistemas consigam continuar produzindo água (Cook, Bakker, 2012;Sant´Anna, 2013). Em paralelo, ao longo da presente década a UN-Water sistematicamente tem publicado relatórios nos quais aponta a perspectivas de escassez, o aumento da população e da demanda, a baixa dos reservatórios, a crise alimentar, entre outros fatores, colocados como delineadores de um 9 Securitização em Relações Internacionais refere-se ao processo no qual atores do Estado transformam algum assunto em matéria de "segurança", ou seja, uma versão extrema de politização que permite o uso de meios extraordinários em nome da segurança.…”