Gilberto Freyre e a intelligentsia salazarista em defesa do Império Colonial Português (1951 - 1974)

Abstract

Resumo: Minha proposta, neste artigo, é analisar o percurso de Gilberto Freyre junto à intelligentsia salazarista, a partir de 1951, momento das redefinições estatutárias da administração colonial feitas por Salazar. E, junto a essas práticas governamentais, analisar também como o modelo teórico freyriano -o lusotropicalismo -foi apropriado como peça fundamental para que a justificativa ideológico-institucional em prol da manutenção do Império Colonial Português fosse internacionalizada.Palavras-chave: Gilberto Freyre; Lusotropicalismo; Salazarismo.O conjunto da obra de Gilberto Freyre, que soma mais de cinco dezenas de títulos, só pode ser abordado sob uma perspectiva totalizante. Essa maneira de ver me leva a considerar a hipótese de percorrer três roteiros internos de leitura -o regional, o nacional e o internacional -, cada qual tendo como epicentro o livro de 1933 -Casa Grande e Senzala -como particularidade dada. Cada roteiro afirma-se como uma leitura política específica projetada para o conjunto da obra. E, para uma descrição inicial, associo o conjunto de títulos que demarca a especificidade de cada um dos três roteiros. O primeiro está centrado numa interpretação da obra definida como politicamente marcada por temáticas de determinantes inflexões regionais (o conjunto bibliográfico que me possibilita essa assertiva escuda-se nos seguintes títulos:

Crítica Anticolonial no Império Português: perspectivas culturais e políticas

“…Adriano Moreira (1922) e Franco Nogueira (1918-1993 buscaram modernizar o discurso mais arcaico do colonialismo -no contexto de revisão constitucional do Ato Colonial em 1951 -, apropriando-se do luso-tropicalismo freyriano como principal arma para a afirmação de um Estado ultramarino ausente de preconceitos raciais e da opressão colonial 12 (Pinto, 2009;Alexandre, 2017).…”

História(s) Da Língua E Educação Linguística: Contribuições a Ensinantes-Aprendentes

“…Adotou-se, portanto, uma postura que buscava conferir ao Brasil características europeias, o que implicava o apagamento e o silenciamento dos falares nativos indígenas e também dos imigrantes africanos. Por isso, as variedades do português aqui falado só começam a ser estudadas com maior rigor a partir da década de 1920, quando se inicia a chamada fase de revisão da língua, de tendência mais descritiva, segundo Pinto (1978).…”

Forms of Systematizaton of the Sociology of Race Relations in Brazil

“…In turn, Freyre's work also influenced a more general historiographic trend. Freyre not only produced a national interpretation, he also represented Brazil at international level, projecting an image that would influence comparative research between the USA and Brazil over the decades (Costa Pinto, 2009). It is precisely the forms of comparing and contrasting the United States and Brazil that comprise the focal point of the reading of the literature on race relations in the two countries made by historian George Fredrickson.…”