Trata-se de identificar vinculações entre os estudos de comunicação e questões de gênero, no Brasil. Em chave histórica, destacam-se singularidades dos debates teóricos associados ao feminismo brasileiro e seu impacto na agenda de pesquisa da Comunicação. Desse modo, observam-se modificações pelas quais a pesquisa e suas categorias foram passando ao longo de 1970 até 2015. A partir daí possivelmente se constitua novo impulso ainda em processo. Na arrancada inaugural (1970/1980), sobressai o uso sistemático da categoria mulher; no segundo impulso (1990), embora o termo gênero seja acionado, funciona mais como etiqueta; no terceiro (2000-2015), é a crítica ao pós-feminismo que desponta, evidenciando a primeira convergência entre Sul e Norte. Por fim, o último impulso recente se desenha a partir da primavera feminista e o horizonte aberto pela explosão dos feminismos, impulsionado pelas novas mídias digitais. Contudo, não dá para subestimar a formação na década de 2010 de uma cruzada moral contra o reconhecimento da diversidade de gênero e sexualidade, bem como a ascensão de uma extrema-direita que potencializa e promove um discurso antifeminista.