RESUMO: Os tumores carcinóides são neoplasias derivadas das glândulas de
RELATO DO CASOJ.B, masculino, 43 anos, pardo, há 18 meses com prurido anal. O exame proctológico evidenciou lesão polipóide de 0,5 cm de diâmetro a sete centímetros da borda anal em parede anterior. A colonoscopia foi normal, sendo realizada, no mesmo ato, a polipectomia endoscópica (figura 1). O diagnóstico histo-patológico e imunohistoquímico, com citoqueratina 8 e 18 e cromogranina A, foi de tumor carcinóide bem diferenciado (figuras 2 e 3). Foi realizado estadiamento clínico com radiografia de tórax e TC de abdome e pelve que foram normais. Como complementação terapêutica, foi realizada ressecção endoanal da área de escara da polipectomia prévia, com exame histo-patológico demonstrando ausência de lesão residual.O paciente encontra-se em acompanhamento ambulatorial há 4 meses sem indícios de recidiva.
DISCUSSÃOA incidência de tumor carcinóide retal é de cerca de 0,04% dos exames proctológicos, representando 1,3% de todos os tumores retais 1,2 . A localização retal do tumor carcinóide é a terceira mais comum no trato gastrintestinal, geralmente localizando-se de 4 a 13 cm da linha pectínea 1,2 . Há discreta predominância no sexo masculino, sobretudo entre a quinta e sétima décadas de vida [1][2][3] . Na metade dos casos o diagnóstico é um achado do exame proctológico; no entanto, podem ocorrer dor local, prurido anal, puxo, tenesmo e sangramento, a depender da localização, tamanho ou presença de ulceração da lesão [1][2][3]5 . As formas mais comuns de apresentação são ulceração ou nódulo submucoso de aspecto mamelonado; no entanto, podem surgir como simples pólipos ou tumorações indistinguíveis de adenocarcinoma 1 . Existe neoplasia sincrônica entre 7 e 32% dos pacientes e multicentricidade, variando de 0 a 3% 2 . Já as metástases ocorrem em cerca de 3% dos casos de tumores menores que 1 cm, 11% naqueles entre 1 e 2 cm e 74% nos maiores que 2 cm. A síndrome carcinóide (rash cutâneo, diarréia, hepatomegalia, lesões cardíacas e asma) é rara em se tratando de tumores retais 1,2,4,5 . O tratamento é baseado no tamanho da lesão, na presença de invasão da muscular própria ou de doença disseminada [1][2][3][4][5][6][7][8] . Para lesões com menos de 1 cm, a excisão endoanal é o tratamento mais adequado, já que a polipectomia endoscópica apresenta uma alta freqüência de recidiva quando não se utiliza a ultrassonografia endoscópica no estadiamento prévio da lesão [6][7][8] . Naqueles maiores que 2 cm, as ressecções retais estão indicadas e as lesões entre 1 e 2 cm devem ser tratadas de acordo com a presença ou não de invasão da muscular própria [1][2][3][6][7][8] . A sobrevida em 5 anos é de 81 a 92% nos doentes sem doença metastática, de 44 a 47% naqueles com comprometimento linfonodal e de 7 a 18% nos doentes com metástase à distância 2,3 .
Figura 3 -Estudo imunohistoquímico cromogranina (40 x). Figura 2 -Coloração HE (40 x).ABSTRACT: Carcinoid tumors are neoplasms that arise from the Lieberkühn glands of the gastrointestinal tract, most freque...