IntroduçãoDiante da complexidade do processo saúde-doença, além do reconhecimento da cidadania como fundamental no enfrentamento da realidade socioeconômica e sanitária, ressaltamos a necessidade da reflexão permanente acerca da formação em saúde. Acreditamos que esta deve contemplar muito mais que as habilidades técnicas, as quais são importantes para a prática profissional em saúde, porém são insuficientes para promover mudanças consistentes nos fatores condicionantes e determinantes da saúde, bem como para sustentação dos preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS).Ao referirmos o termo formação, ainda que permeado por ambiguidades, múltiplos sentidos e práticas nos diversos contextos, sendo recorrente o debate quanto à separação da competência técnica e do compromisso político, coadunamos com Barros 1 ao afirmar a indissociabilidade entre o técnico e o político desse processo formativo. Tal afirmação implica repensar a concepção de formação, que não pode ser resumida aos processos de aquisição, transmissão e difusão de conhecimentos que ocorrem nos ambientes acadêmicos, exigindo diferenciar formação e escolarização, tal como referem Guimarães e Silva 2 . De acordo com tais autores, na atualidade, as concepções de formação universitária contêm modelos de ciência, formação e atuação profissionais com sérias limitações relativas aos problemas que se apresentam na cena contemporânea 2 .A tradição cultural brasileira privilegia a condição da universidade como lugar de ensino, entendido e, sobretudo, praticado como transmissão de conhecimentos 3 . Contudo, a universidade vive um momento de transformação efetiva, permeada pela crise de legitimidade e pelos questionamentos de seu papel na produção e construção de conhecimentos, sendo um desafio formar profissionais com perfil adequado às necessidades sociais. Isso implica propiciar, aos estudantes, a capacidade de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, de comunicar-se, de ter agilidade frente às situações e de ter capacidade propositiva, que não combinam com a formação tradicional ou com a pedagogia de transmissão, ainda presentes nas instituições universitárias 4 .Ao refletirem sobre questões acerca de uma universidade socialmente relevante, Mello et al. 5 apontam desafios para a universidade pública brasileira espaço aberto