Trilhando pelos caminhos da produtiva incerteza da performance enquanto prática e conceito, aqui me volto para o que se des-faz em palavras, pondo de ponta cabeça a clássica definição de Austin da força do ato performativo. O encontro nas macumbas cariocas entre entidades e clientes é marcado pela instabilidade da linguagem e pelo risco da palavras na própria busca do desvelar dos caminhos futuros na consulta com essas entidades. O encontro recente com uma entidade em que ela diz desdizer o que havia revelado à cliente me leva a refletir sobre essas consultas como um colocar em prática da potência do incerto. O ato (anti)performativo de des-dizer pode ser lido como um colocar de novo em jogo o desconhecido, deslocando cliente e entidade do aprisionamento da certeza e colocando-as de volta no movimento de fabulação que está no cerne da consulta com as entidades.