RESUMOO processo de parturição constitui um momento único e primordial da vida psicossocial da mulher. Esse processo pode ser vivenciado de maneira singular e é influenciado por suas experiências de vida, por seus costumes e sua cultura.Em algumas situações o parto pode transformar-se em um processo abrupto e sem controle, caracterizando-se por situações de irreversibilidade, imprevisibilidade e desconhecimento. Com a institucionalização do parto, as mulheres passaram a ficar submissas e vulneráveis a uma prática intervencionista que não leva em conta a humanização e singularidade do ser humano. O estudo objetiva realizar uma reflexão crítica sobre o cuidado prestado à mulher que apresente comportamento não esperado pelos profissionais no momento da parturição. Trata-se de um relato de experiência a partir de uma vivência na prática assistencial. Considerar o parir e o cuidado desse processo como situações singulares para a mulher é uma questão a ser trabalhada com os profissionais. Para isso são necessárias discussões em que se busque despertar, estimular, apoiar, priorizar e implementar mudanças de postura, de reeducação das práticas de cuidado e de valorização da razão e da sensibilidade, fatores intrínsecos do cuidado prestado à mulher no momento da parturição.
CONSIDERAÇÕES INICIAISEste relato de experiência objetiva realizar uma reflexão crítica sobre o cuidado prestado a mulheres no momento da parturição. A gravidez e o parto constituem-se em momentos únicos, simbolizando um processo sociocultural que agrega a vivência reprodutiva de homens e mulheres, representando um momento primordial da vida psicossocial da mulher (1) . Em algumas situações o parto pode ser considerado um processo abrupto e sem controle. Em muitas culturas o parto pode significar um ritual de passagem fortemente caracterizado por momentos de irreversibilidade, imprevisibilidade e desconhecimento (2) . Tais situações podem fazer aflorarem na parturiente sentimentos como medo, temor, angústia, ansiedade e insegurança.Esses sentimentos, quando manifestados, podem interferir de maneira negativa no processo de parturição. Desencadeiam na mulher alterações psíquico-afetivas e emocionais que influenciam o cuidado prestado pela equipe de saúde e, consequentemente, prejudicam o desfecho do parto. Por isso é importante considerar que o estado psicológico da gestante interfere em sua capacidade de adaptar-se ao estresse gerado pelo trabalho de parto (3)(4) . Um modo de auxiliar as mulheres nesses aspectos, visando facilitar o processo de parturição, é trabalhar com informações sobre os eventos que permeiam o trabalho de parto e parto durante o pré-natal.Além do exposto anteriormente, sabe-se que o processo de parturição é vivenciado por cada mulher de maneira singular e que suas experiências de vida, juntamente com os costumes vigentes na sociedade, interferem nas diferentes reações diante desse processo (5) . Por isso acredita-se que, esperar de que todas as mulheres reajam da mesma forma, manifestando o mesmo tipo de comportamento perante ...