RESUMO -Foram avaliados 95 pacientes com forma remitente-recorrente da esclerose múltipla quanto à presença de fadiga. A Escala de Severidade de Fadiga foi aplicada em todos os pacientes. Em 64 pacientes (67,4%) a fadiga foi encontrada. Não observamos diferenças clínicas quanto ao gênero, idade, grau de incapacidade funcional e depressão, nos pacientes com e sem fadiga. Foi encontrada correlação entre ansiedade e tempo de doença com a presença de fadiga. Ao analisarmos estas variáveis quanto à intensidade da fadiga, observamos haver associação entre fadiga grave e maior incapacidade funcional.PALAVRAS-CHAVE: esclerose múltipla, fadiga, EDSS, depressão, ansiedade.
Fatigue in multiple sclerosis relapsing-remitting formABSTRACT -In 95 patients with the remitting-relapsing form of multiple sclerosis we investigated fatigue. All of them were evaluated with the Fatigue Severity Scale and we found it in 64 patients (67.4%). Gender, age, depression and fuctional incapacity was not predictive of fatigue occurrence, while anxiety and time of disease seems to be correlated with it. When we analysed the fatigue severity, a correlation between the EDSS and the increasing fatigue severity was found.KEY WORDS: multiple sclerosis, fatigue, EDSS, depression, anxiety.A esclerose múltipla (EM) é afecção neurológica desmielinizante, que acomete preferencialmente adultos jovens, evoluindo de forma crônica e imprevisível. Apresenta sinais e sintomas muito variáveis, e tem a fadiga como uma de suas principais características. A definição de fadiga pode ser feita de várias maneiras, permitindo interpretações diferentes. Para os fisiologistas, é considerada como uma dificuldade em manter a contração muscular, podendo ser objetivamente analisada e quantificada. Esta definição considera apenas a fadiga muscular, tornando-se muito limitada na prática clínica. Para os pacientes com EM, a fadiga é um sintoma subjetivo, definido como sensação de cansaço físico ou mental profundo, perda de energia ou mesmo sensação de exaustão, com características diferentes daquelas observadas na depressão ou fraqueza muscular 1 . Nos pacientes com doenças neurológicas, a fadiga é diferente daquela relatada pelos demais, levando a maior comprometimento da qualidade de vida. Na EM é sintoma frequente e incapacitante que acomete de 75 a 95% dos portadores, não sendo correlacionada com idade, sexo, depressão ou grau de acometimento neurológico 2-4 . Sua mensuração usualmente tem sido relatada através de escalas de auto-avaliação, por tratar-se de sintoma subjetivo 5 . Mendes, Tilbery e Felipe 5 realizaram estudo preliminar em pacientes com EM, encontrando fadiga em 70% dos pacientes, porém sem estudar as suas principais correlações clínicas. Não encontramos no nosso meio estudos sobre este sintoma.O objetivo deste estudo é analisar na nossa população as características da fadiga nos pacientes com EM forma remitente-recorrente (RR), e os principais fatores associados.