O uso racional de antimicrobianos tem sido uma das principais medidas para evitar o aumento de resistência antimicrobiana no mundo. O objetivo do presente estudo foi avaliar a utilização de antimicrobianos em um hospital privado de Fortaleza/Brasil e correlacionar com a crescente resistência antimicrobiana. Foram determinados dados quantitativos sobre infecções bacterianas, perfil microbiológico e uso de antimicrobianos obtidos de pacientes atendidos nos setores, entre janeiro de 2016 e agosto de 2021. Foram emitidos 2.733 pareceres para avaliação de uso de antibióticos em 2020 e em 2021 foram 2.044. Durante o ano de 2020 a utilização de antimicrobianos foi mais frequente entre maio e junho, e em 2021 nos meses de março e abril, sendo estes referidos meses os que refletem os pacientes com internação prolongada pós-Covid-19 e múltiplas infecções bacterianas secundárias. Observa-se também nesse período maior prescrição de Polimixina B e glicopeptídeos. Ao avaliar o perfil de sensibilidade dos Gram negativos, para P. aeruginosa observa-se uma redução drástica no último ano da sensibilidade a Piperacilina/tazobactam e Carbapenens, bem como a Polimixina B (91,7% de sensibilidade). Para K. pneumoniae os resultados foram ainda piores, evidenciando alta resistência aos Carbapenens e Polimixina B, cuja sensibilidade do último foi de apenas 76,2%, dificultando a escolha de opções terapêuticas. Detectou-se redução da sensibilidade a Cefatzidima/avibactam para P. aeruginosa, K. pneumoniae e Serratia sp. Concluiu-se que o aumento na prescrição de antimicrobianos de amplo espectro durante a pandemia por Covid-19 podem ter impactado no aumento da resistência bacteriana principalmente para Gram negativos.