No final de 2012, ou no início de 2013, não me lembro bem, bati à porta do meu então orientador John. Entreabrindo a porta, eu perguntei, você está muito ocupado? Não muito, ele respondeu, fechando o notebook. Sentei-me à sua frente e começamos a conversar. Eu pedi sua opinião sobre um possível projeto de pesquisa sobre as monções oitocentistas que saíram de Sorocaba, no interior de São Paulo, rumo ao Brasil Central. Em seguida, o questionei sobre um trabalho de campo entre os Kadiwéu, povo indígena do Mato Grosso do Sul. Ele me perguntou rindo, você veio pescar um tema de doutorado? Na verdade, vim sim, John. Você sabe quem é Koch-Grünberg, não sabe? Sei, li um texto dele sobre os Guaikuru. Ele então me contou que numa cidadezinha na Alemanha havia um arquivo que continha o espólio desse etnólogo, que havia poucas pesquisas em historiografia da etnologia brasileira e que ele tinha interesse em ter um estudante que soubesse falar alemão e português para fazer uma pesquisa sobre as expedições alemãs. A John Monteiro, o primeiro incentivador dessa pesquisa, expresso minha gratidão.Alguns meses após ter sido aprovado no processo seletivo de ingresso no programa de pós-graduação em antropologia social da Unicamp, me reuni com meu orientador Mauro de Almeida e com Manuela Carneiro da Cunha para discutir os rumos do projeto. Após uma verdadeira aula de história da antropologia e de metodologia científica, eles me contaram que havia alguns anos, quando visitaram Marburg, no interior da Alemanha, o chefe do departamento de antropologia da Philipps-Universität, Ernst Halbmayer, mostrou-lhes o Arquivo Theodor Koch-Grünberg. O potencial para pesquisa do arquivo e os planos com Ernst para um intercâmbio acadêmico foram transmitidos por Mauro e Manuela a John, que se prontificou a recrutar um aluno com os pré-requisitos necessários. Assim, sem o saber, fui inserido em uma rede cuja existência eu desconhecia.As atribuições de Mauro de Almeida ultrapassaram largamente as funções de orientador. À disposição inicial em me orientar, às leituras e às discussões, mas sobretudo aos muitos conselhos e à paciência extraordinária sou imensamente grato. Agradeço a Manuela Carneiro da Cunha por seu interesse na minha pesquisa, por seus questionamentos e suas sugestões. A Ernst Halbmayer, que aceitou me supervisionar durante meu ano como pesquisador-visitante na Philipps-Universität Marburg, e que durante este tempo não apenas orientou meu trabalho, mas cuidou para que eu participasse inteiramente da vida acadêmica do departamento, eu transmito meu mais sincero vielen Dank.Dito, é preciso reconhecer que estou em débito com muita gente por causa desses quase seis anos de pesquisa. Pelas conversas, recomendações e trocas de experiências, ocasionalmente acompanhadas de cerveja, agradeço aos meus colegas de doutorado na