“…Embora Ihering tenha se inserido em uma enorme e complexa rede científica, composta por intelectuais de diversos campos de pesquisa e variadas matrizes teóricas, no que tange à museologia e à etnologia, seu diálogo ocorria sobretudo com os estudos museais desenvolvidos pelo norte-americano George Brown-Goode (1851-96) (Ihering, 1897: 5-7), e com a etnografia alemã, principalmente com as obras de Karl von den Steinen (1855-1929) e Paul Ehrenreich (1855-1914. 6 Uma vez que na virada do século XIX ao XX, a etnologia indígena das terras baixas sul-americanas era predominantemente alemã (Petschelies, 2019), rastrear as influências dos etnólogos germânicos nas atividades científicas do Museu Paulista é uma maneira de iluminar aspectos obscuros do período de sua formação, considerando que a influência alemã mais bem analisada remete à gestão de Sério Buarque de Holanda, entre 1946 e 1956 (Françozo, 2005). Por fim, este artigo justifica-se na medida que as relações de Ihering com os povos indígenas inseriam-se em um contexto mais amplo de relações entre ameríndios e o Estado, ou, especialmente, entre ameríndios e certos setores da elite econômica e política paulista e sua análise pode iluminar aspectos da relação entre ciência e política.…”