O uso da tradução pode ser observado desde os primeiros registros de viajantes que precisaram comunicar-se com povos estrangeiros e transpuseram suas impressões para a própria língua. Em antropologia, a tradução sempre esteve associada ao registro etnográfico. No entanto, não se pode dizer que toda tradução cultural se baseie em etnografias, nem que em todas as etnografias se empreguem, necessariamente, procedimentos de tradução. Voltada, inicialmente, à interação com povos indígenas, a tradução cultural antropológica passou a ter um alcance mais abrangente, abarcando diferentes culturas no terreno das fronteiras entre diferentes etnias e nacionalidades. No que diz respeito à teoria comparativa do conhecimento, a conceituação de tradução cultural implica a discussão de problemas relacionados ao alcance da racionalidade da construção científica, bem como da relatividade e da comensurabilidade de diferentes formas de conhecimento, procurando equacionar as relações entre linguagens diferentes e uma perspectiva interdisciplinar. A antropologia da tradução incorpora a história, uma vez que cada tradução é uma atualização de conhecimentos prévios ou pré-constituídos e que a novidade enunciativa é entendida em referência ao presente. Implica, também, o uso da lingüística, no sentido de analisar as já mencionadas correlações entre diferentes linguagens, e o da teoria literária, em termos da construção de sentido numa correlação entre princípios de coerência e princípios de correspondência entre diferentes visões de mundo, de acordo com cada contexto etnográfico. Considera, ainda, outros elementos, como os horizontes narrativos específicos, a verossimilhança na comunicação, a adequação das mensagens trocadas e o ajuste das concepções entre emissor e receptor. Emprega, igualmente, procedimentos da análise política para pensar as transposições de códigos e princípios de coerência para raciocínios jurídicos eficazes, no que diz respeito à aplicação local de princípios universais em contextos específicos. As questões ligadas à tradução de conceitos resumem-se, assim, na impossibilidade de uma equivalência completa entre o conjunto dos significados de duas culturas diferentes. A tradução consiste em uma tentativa de decifração do sentido através da procura de aproximações entre várias esferas de intimidade-análoga ao trabalho do xamã em diferentes situações rituais, como os ritos de cura de seu paciente ou de conversação com os espíritos. Tomam como referência as experiências antropológicas do contato, examinando as línguas e culturas diferentes, procurando aproximar-se dos conceitos autóctones ou, ao inverso, tentam traduzir categorias de pensamento ocidental para os seus interlocutores. Em tais procedimentos, a antropologia abarca a tradução cultural como uma forma de pensar o cruzamento de diferentes campos sociais, políticos e simbólicos. Reunimos, neste número, trabalhos apresentados no Grupo de Trabalho intitulado "Etnografia e Tradução Cultural em Antropologia", coordenado por Priscila faulhaber e Pablo Wright, na VII R...
IResumo : Constant Tastevin (1880-1962 e Curt (Unkel) Nimuendaju (1883Nimuendaju ( -1945 and Curt (Unkel) Nimuendaju (1883-1945) translated detailed information collected in the Amazon during the first half of the twentieth century. They published their translations into French, English and German, in specialized periodicals in Europe and North America. By transposing the native knowledge to a "civilized" language, they participated in the dynamic of appropriation, as seen through the asymmetrical relationships with authorities and institutions in the international scientific field. Nimuendaju interacted with Robert Lowie, who advised him in his ethnological collection of data on Ticuna mythology and social organization. Collecting words among the Indian elders, Tastevin shared Paul Rivet`s fear of the loss of indigenous languages. I correlate the collection of texts and artifacts with practices initiated by Franz Boas to stimulate the formation of inventories. Today ethnographic research cannot be restricted to data on the basis of collected information. The anthropology of translation implies the actualization of ethnographies conducted in the past, with the goal of comparing the results of these records with today`s data and considering the possibilities of re-appropriating knowledge into the scope of indigenous thinking and movements.
Pesquisadora titular -Museu GoeldiRESUMO: A antropologia do clima abrange o estudo da significação dos fenômenos astronômicos e atmosféricos nos mitos e ritos indígenas, bem como a importância das representações sobre tais fenômenos para as práticas sociais de povos indígenas como o Ticuna. A identificação dos corpos celestes, presentes na iconografia dos artefatos utilizados na festa de puberdade Ticuna, remete a aspectos da mitologia e da cosmovisão deste povo, expressos em cantos e relatos rituais, traduzidos em termos das expectativas em face das relações entre o movimento das estrelas no céu ao longo do ano e a influência da sazonalidade das chuvas e da estiagem nas atividades de sobrevivência. Tal identificação de agrupamentos de corpos celestes visualizados pelos Ticuna permite correlações com as constelações reconhecidas convencionalmente. PALAVRAS-CHAVE: antropologia do clima, sazonalidade, movimentos das estrelas, identificação do céu. IntroduçãoAs expectativas dos Ticuna em face das mudanças climáticas estão impressas na iconografia de narrativas gráficas inscritas em indumentárias de máscaras ou panos ou "rodas" rituais, coletados pelo etnólogo alemão
A REFLEXÃO sobre a história dos institutos científicos na Amazônia conduz ao problema da fronteira científica, considerando a significação da Amazônia para a gestão do conhecimento científico nacional. Trata-se, aqui, de focalizar as relações entre campo científico, intervenção e construção regional. Coloca-se em questão o lugar das ciências humanas e sociais dentro de uma simetria entre as disciplinas científicas.
WHEN WE reflect on the history of the scientific amazonian institutes leads us to the problem of the scientific frontier and the meaning of the Amazon within the scientific policy. This paper focuses on the relationship between the scientific field and intervention and regional construction. The place of human and social sciences is thought to lie within the symmetry of scientific disciplines
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