Traçar a história de menos de uma década de uma revista científica não é tarefa simples para ninguém. Menos ainda para quem está tão envolvido quanto os autores deste texto. Optamos por enunciar alguns itens que consideramos relevantes, redigir uma interpretação com o inevitável viés de quem viveu os momentos cruciais da elaboração da proposta da revista e, sobretudo, criou a 'carpintaria' própria de um periódico científico.Excluindo os três primeiros itens, os demais compõem uma seleção de textos transcritos diretamente dos editoriais, intercalados com juízos críticos sintéticos, com que os responsáveis pelo periódico foram dando conta do processo que se seguiu. Após a apresentação das origens da Revista Brasileira de Epidemiologia (RBE), com ênfase nas polêmicas em torno da criação de um periódico de inscrição disciplinar e do nome que deveria receber, a narrativa segue com a transcrição quase integral do editorial do primeiro número, que foi uma produção coletiva. Neste editorial é mencionada Cecília Donnangelo, que, com sua inimitável irreverência, afirmou: "somos, na Saúde Coletiva, um conjunto maior de atores do que de autores". Os demais editoriais foram em geral assinados pelo editor, porém com prévia anuência dos Editores Adjuntos. Editoriais especiais, sempre sobre temas específicos e assinados por especialistas convidados, serão também mencionados.Dividimos o texto em seções que buscam apresentar: 1) os momentos iniciais; 2) o período de crise vivido em 2000; 3) o processo de 163.
SAÚDECOLETIVA COMO COMPROMISSO recuperação e consolidação da RBE de 2001 a 2004, cujo marco mais significativo foi o ingresso na base Scientific Electronic Library Online (SciELO); 4) a transcrição, na última seção, de trechos de alguns editoriais considerados especialmente relevantes por abordarem temas especiais.
MOMENTOS INICIAISUm conturbado prelúdio: em Itaparica o editor foi contra No Seminário "Estratégias para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil", realizado em Itaparica (Bahia), em 1989, definiuse o I Plano Diretor da Epidemiologia no Brasil. Foi apresentada nessa reunião contribuição sobre as "Estratégias para divulgação da produção técnico-científica em epidemiologia", posteriormente publicada em periódico nacional (Carvalheiro, 1990). O autor da apresentação posicionouse contra a criação de um periódico brasileiro de epidemiologia. Propunha fortalecer a linha editorial da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), transformando os Estudos de Saúde Coletiva, que estavam em seu quinto volume, numa revista de Saúde Coletiva, incluindo todas as disciplinas da área, inclusive epidemiologia. Transcrevemos:A estratégia própria da Epidemiologia Brasileira deve ser traçada em conjunto com a das demais áreas da Saúde Pública. Em vista dos resultados já conseguidos, o projeto editorial da Abrasco deve ocupar o centro do palco. Acredito que deve ser o ponto central de atuação da Abrasco: a consolidação da entidade passa pela de sua linha editorial e de seus congressos.A Comissão de Epidemiolog...