Introdução: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença com elevado custo de tratamento, o qual está diretamente relacionado à gravidade do LES e, apesar dos esforços internacionais em pesquisas, permanece como agravo sem etiologia completamente definida, porém com fatores de risco e fisiopatologia cada vez mais elucidados. Episclerite e esclerite são vistas no LES e podem ser a característica da doença, e apesar de incomuns, podem ser os achados iniciais e preceder outras manifestações, sendo sua ocorrência usualmente indicativa de doença em atividade. Relato: Paciente do sexo feminino, 23 anos, procedente de sua residência, admitida na enfermaria com antecedente pessoal de LES há 6 anos, porém sem tratamento e com queixa de perda súbita da visão. Anteriormente à internação, a paciente apresentou febre, cefaléia, mal-estar geral e dor ocular intensa. Utilizou anti-inflamatório oral para alívio. Evoluiu com perda da visão, dor ocular e hiperemia com opacidade ocular central notada por familiares. Iniciou tratamento com prednisona e azatioprina, acompanhamento da reumatologia e oftalmologia. A principal hipótese diagnóstica foi esclerite necrosante, complicação do LES, devido perda visual súbita. Realizou pulsoterapia. Apesar da melhora clínica, permaneceu com diminuição da função visual. Durante a internação evoluiu com outras intercorrências. Recebeu alta, com diagnóstico de LES e esclerite necrosante e tratamento de manutenção. Conclusão: A esclerite necotizante anterior, embora rara, é extremamente grave pois pode levar a perda visual irreversível e, portanto, uma identificação e tratamento precoce são fundamentais para minimização de potenciais complicações.