IntroduçãoO mundo vem sofrendo constantes mudanças, mas a violência têm sido uma marca de todos os tempos, a qual muda de natureza, mas não diminui seu impacto nos índices de morbimortalidade. A violência tem acompanhado o homem ao longo de sua história, traduzida nos mais diferentes atos, revestida das mais diversificadas intenções. As guerras que num certo período da história da humanidade eram responsáveis pelos maiores números de mortes, no "mundo moderno" foram ultrapassadas por outras formas de violência que poderíamos intitular de uma guerra oculta, não declarada e apolítica, embora muitas vezes seja resultado de políticas perversas. Nesse sentido, as causas violentas têm sido nos dias atuais as principais responsáveis pela mortalidade no âmbito das "causas externas" as quais, no conjunto da mortalidade geral no Brasil, têm ficado atrás somente da mortalidade por doenças cardiovasculares e oncológicas (1,2) . Similarmente aos tempos remotos, as causas violentas foram o impulsor que levou o Estado a preocupar-se com medidas de intervenção, por intermédio do Setor de Saúde e de Segurança Pública.Frente ao aumento exacerbado da violência, doenças cardiovasculares, respiratórias, metabólicas entre outras, responsáveis pelas ocorrências de urgência/emergência, cresce, também, a necessidade de atendimento imediato das vítimas no local da ocorrência, bem como de transporte adequado para um serviço emergencial de atendimento definitivo. Nesse sentido, surgiram os Serviços de Atendimento Pré-hospitalar (SvAPH), os quais possibilitam a intervenção precoce, reduzindo os índices de mortalidade e minimizando seqüelas. Sobre esse surgimento -daquilo que hoje é denominado de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) -, suas influências, desenvolvimento, atualidade e perspectivas, bem como o compromisso da Enfermagem com essa questão, é o que abordaremos no presente texto.
Alguns marcos no contexto brasileiroOs SvAPH surgem no Brasil em diversas cidades e com características próprias, cuja sistematização é resultado de influências das duas tradicionais escolas de APH surgidas em meados do século passado: o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), modelo francês e o Serviço de Emergência Médica (SEM), modelo norte-americano. De modo geral, o modelo francês (SAMU) é composto por médicos anestesiologistas, intensivistas, cardiologistas, psiquiatras, emergencistas entre outros, técnicos auxiliares de regulação médica, enfermeiros (incluindo enfermeiros especializados em anestesia) e técnicos em ambulância. É o responsável pela assistência direta às emergências e pela ordenação e coordenação de todo o sistema através da Central de Regulação Médica. O modelo dos EUA é uma associação de esforços da first responder com o SEM que congrega os Técnico em Emergências Médicas (TEM-Básico habilitado para o Suporte Básico de Vida, TEM-Intermediário e TEM-Avançado ou Paramédico), departamento de emergência, médico supervisor, pessoal da saúde, administração hospitalar, administração do SEM e supervisão de agências governamentais (3) . O...