“…O status fonológico de /tl/ em Português Brasileiro Descrevendo a fonotaxe do Português Brasileiro, Câmara Jr. (1977) e Bisol (1999) identificam três tipos silábicos permitidos à posição de ataque da sílaba: o ataque simples e universal, CV, composto por uma única consoante; o ataque vazio, ØV, em que não há consoantes preenchendo a posição à esquerda da vogal; e o ataque complexo ou ramificado, CCV, composto por duas consoantes antecedendo a vogal. A composição segmental de CCV é o tópico mais abordado e discutido na literatura em PB, dada a sua restrição e, principalmente, suas lacunas: autores como Câmara Jr. (1977), Bisol (1999), Cristófaro-Silva (2003), Collischonn (1999), Ferreira Netto (2001 e Chagas (2020), dentre outros, retratam a sílaba CCV em PB como formada por uma obstruinte não-sibilante seguida por uma líquida alveolar -ou por obstruintes [-contínuo] ou [+contínuo, labial] somadas a soantes [-nasal] (BISOL, 1999), ou ainda por oclusivas e fricativas não-coronais + líquidas coronais (COLLISCHONN, 1999), tentando excluir, portanto, as obstruintes /s, z, ʃ, ʒ, x/ e a líquida /ʎ/ do filtro segmental de CCV. Nem todas as combinações entre /p, b, t, d, k, g, f, v/ + /l, ɾ/, no entanto, são constatadas ou mesmo frequentes no léxico do PB, conforme ilustrado na Tabela 1: Na Tabela 1 os encontros consonantais entre parênteses, /tl, dl, vl/ e /vɾ/, representam contextos ausentes ou muito raros no Léxico do PB, constituindo, no geral, empréstimos e onomatopéias.…”