“…No decorrer desse processo, as vulnerabilidades se tornam cumulativas e a continuidade do desastre silenciosamente vai se convertendo em uma catástrofe social que não adquire visibilidade (MARCHEZINI, 2014a(MARCHEZINI, , 2014b Em Ilhota/SC e Barreiros/PE, a continuidade do desastre pode ser caracterizada, entre outros aspectos: pelo luto social em decorrência da perda de parentes, amigos e vizinhos; pela perda da moradia e comprometimento dos papéis desempenhados no grupo domésti-co; pela perda da estrutura produtiva, da execução do trabalho e a dimensão econômica e moral que o "ser trabalhador(a)" confere; pelo acúmulo de dívidas; pela ameaça de despejo nos abrigos temporários situados em escolas e outras instalações; pela curta duração e valor insuficiente do auxílio-moradia; pela reconstrução precária de vias de acesso, pontes, etc. ; pela demora no processo de definição de novas áreas para reconstrução; e pela construção do conjunto habitacional em área periférica, sem infraestrutura de saneamento e desconectada de estrutura de serviços escolares, de saúde e de emprego (VALENCIO; MARCHEZINI; SIENA, 2011;MARCHEZINI, 2014a).…”