Ensaio de usabilidade de uma intervenção psicoeducacional computadorizada sobre transtorno obsessivo-compulsivo

Abstract

ResumoO objetivo deste trabalho foi avaliar a usabilidade, funcionalidade e efeitos iniciais de uma intervenção psicoeducacional computadorizada sobre Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), através de um ensaio com usuários. A intervenção consistiu em um programa composto por três módulos contendo textos informativos, vídeos e três quizzes com 10 perguntas cada. Participaram 21 sujeitos entre 19 e 55 anos. Os instrumentos utilizados foram o Yale-Brown Obsessive-Compulsive Scale (Y-BOCS), escalas subjetivas para avaliação da intensidade dos sintomas de TOC, escalas subjetivas de humor e de ansiedade, questões de usabilidade e log do programa. Os participantes levaram em média oito dias para completar o programa e o tempo médio de uso totalizou 2 horas e 14 minutos. Apenas uma questão dos quizzes teve frequência de acertos abaixo de 70%. O nível médio de satisfação foi de 8,33 no primeiro módulo, 8,71 no segundo e 9,00 no terceiro. Houve diminuição nos escores obsessivos da Y-BOCS e diferença estatisticamente signifi cativa na escala subjetiva de sintomas do TOC entre os módulos 1 e 2, e 1 e 3. O programa obteve um bom nível de satisfação dos usuários e apresenta potencial efeito na redução de sintomas percebidos. Entende-se que o desenvolvimento do programa contribui em termos teóricos e práticos para o atual momento da psicologia e sua interface com a tecnologia. Palavras-chave:Transtorno Obsessivo-Compulsivo, psicoeducação, psicologia online, terapia cognitivo-comportamental, intervenções computadorizadas. Usability Trial of a Computerized Psychoeducational Intervention about Obsessive-Compulsive Disorder AbstractThis study aimed at evaluating usability, functionality and initial effects of a computerized psychoeducational intervention directed at Obsessive-Compulsive Disorder (OCD), through a usability 1 Endereço para correspondência: Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

How can psychoeducation help in the treatment of mental disorders?

“…Around the 1980s and 1990s, there was already discussion concerning the benefits that psychoeducation training might bring to psychologists, as psychology may positively impact several contexts, such as general hospitals, psychiatric hospitals, primary and secondary schools, universities, and companies (Watkins, 1985). In the 1990s, psychoeducation began to be carried out in groups with different MD such as Depressive Disorders, Bipolar Disorder (BD), Posttraumatic Stress Disorder, Obsessive-Compulsive Disorder (OCD), Attention Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD), drug addiction, and many others (Casañas et al, 2019;Joas et al, 2019;Lemes & Ondere Neto, 2017;Oliveira & Dias, 2018;Siegmund et al, 2016). Currently, psychoeducation is performed by different health professionals to communicate relevant information to patients and family members concerning the disorder (diagnosis, etiology, functioning), treatment, and prognostics, as well as answer questions and correct distorted beliefs regarding these issues (Motlova, 2017;Oliveira & Dias, 2018;Potijk et al, 2019).…”

Aliança terapêutica na terapia cognitivo-comportamental baseada em internet: uma revisão narrativa

“…Os tratamentos que não envolvem o contato com o clínico podem ser programas de psicoeducação, grupos de apoio online e programas de intervenção guiados ou não, contando com a ajuda de materiais informativos como livros, folhetos ou vídeos (Andersson, 2020). No Brasil esses programas ainda não são populares, mas já contam com estudos que visam a sua implementação, como o Deprexis, focado em depressão (Lopes, Meyer, Berger & Svacina, 2020), e outro voltado para Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC; Siegmund, Nonohay & Gauer, 2016), ambos IBI's com embasamento cognitivo-comportamental. Tais programas contam com contato mínimo com profissionais, sendo os primeiros estudos com esse objetivo no Brasil.…”

Desafios na psicoterapia online: reflexões a partir de um relato de caso de uma paciente com ansiedade

“…A utilização de intervenções baseadas na internet, bem como a própria psicoterapia online, tenham se demonstrado viáveis para o tratamento da depressão, ansiedade, fobia, transtorno de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático e transtornos alimentares (Pieta & Gomes, 2014;Siegmund, Nonohay & Gauer, 2016;Pieta et al 2015). Porém, sua aceitação recebeu grande oposição.…”

“…Um projeto de pesquisa de cunho psicanalítico pensado por Donnamaria e Terzis (2011), no qual participaram dez pessoas, buscou estabelecer as primeiras considerações de manejo e desafios éticos em terapia de grupo via internet. Em outro artigo, objetivando avaliar os principais aspectos de usabilidade de uma intervenção psicoeducacional computadorizada sobre TOC em 21 pessoas da população em geral, Siegmund et al (2016) concluíram que este tipo de intervenção poderia proporcionar benefícios para profissionais e usuários. Do mesmo modo, pela fácil disseminação na rede, contribuiria para o aumento do conhecimento da população sobre saúde mental, psicopatologia e tratamentos disponíveis.…”

“…As intervenções baseadas na internet são constituídas por programas computadorizados, nos quais pode ou não haver a participação do terapeuta, que incluem a utilização de softwares, CDs, DVDs, realidade virtual, aplicativos de smartphones, tarefas e feedback online. Esses programas são oferecidos por profissionais da saúde ou oferecidos em websites, objetivando auxiliar no tratamento e prevenção de transtornos mentais e recaídas (Pieta & Gomes, 2014;Pinto, 2002;Pieta et al 2015;Siegmund et al 2016).…”