1997
DOI: 10.1590/s0104-11691997000400004
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Enfermeira: a construção de um modelo de comportamento a partir dos discursos médicos do início do século

Abstract: PADILHA, M.I.C.S.; SOBRAL, V.R.S.; LEITE, L.M.R.; PERES, M.A.A.; ARAÚJO, A.C. Enfermeira -a construção de um modelo de comportamento a partir dos discursos médicos do início do século. Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v.5, n. 4, p. 25-33, outubro 1997. UNITERMOS: enfermagem, história, santa casa de misericórdia do Rio de Janeiro CONSIDERAÇÕES INICIAISA prática assistencial de enfermagem atual recebeu uma herança histórica decorrente de ser uma profissão eminentemente feminina, que lhe confere um cará… Show more

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“…A formação da mentalidade dos enfermeiros está intrinsecamente subsidiada, docilizada e modelada pelo trabalho e pelo poder médico, impressa em estereótipos baseados na humildade, na obediência e no respeito à hierarquia, que conjugam subserviência, disciplina, honestidade, cumprimento de deveres, submissão/silêncio, devoção, espírito de servir, apesar de decorridos quase dois séculos da institucionalização dos hospitais e, conseqüentemente, da divisão social do trabalho hospitalar (20) . Uma das armadilhas ideológicas presentes no jogo entre competências e incompetências relativas a enfermeiros e médicos se estabelece no argumento de quem decide e manifesta segurança no processo decisório, ou seja, manifesta a simbologia de que quem decide é mais competente do que aquele que executa, pois este último tem menos segurança no que executa por que não intervêm no momento da concepção e por não decidir é considerado menos competente (21)(22) .…”
Section: Apresentação E Discussão Dos Resultadosunclassified
“…A formação da mentalidade dos enfermeiros está intrinsecamente subsidiada, docilizada e modelada pelo trabalho e pelo poder médico, impressa em estereótipos baseados na humildade, na obediência e no respeito à hierarquia, que conjugam subserviência, disciplina, honestidade, cumprimento de deveres, submissão/silêncio, devoção, espírito de servir, apesar de decorridos quase dois séculos da institucionalização dos hospitais e, conseqüentemente, da divisão social do trabalho hospitalar (20) . Uma das armadilhas ideológicas presentes no jogo entre competências e incompetências relativas a enfermeiros e médicos se estabelece no argumento de quem decide e manifesta segurança no processo decisório, ou seja, manifesta a simbologia de que quem decide é mais competente do que aquele que executa, pois este último tem menos segurança no que executa por que não intervêm no momento da concepção e por não decidir é considerado menos competente (21)(22) .…”
Section: Apresentação E Discussão Dos Resultadosunclassified
“…A participação dos enfermeiros, portanto é essencial, uma vez que ele trará para esta discussão a vontade do paciente e família (19)(20)(21)(22) . A passividade em relação às decisões médicas que o enfermeiro vivencia está marcada pela história, pois o berço da enfermagem deu-se no trabalho caritativo e voluntário das religiosas que prestavam cuidados aos doentes, trabalho este eminentemente feminino que mantém relação de submissão com a figura masculina desde o início da civilização, assim perpetua na assistência à saúde até os dias atuais, determinando e imprimindo sua marca diária nas relações estabelecidas entre médicos e enfermeiros (23) . Nessa relação social que se estabelece entre médicos e enfermeiros, impõem-se a opressão imposta pela história e consequentemente a vulnerabilidade do enfermeiro com a diminuição da sua autonomia (12) .…”
Section: Discussionunclassified
“…Em seguida, surge o profissional enfermeiro e o hospital com uma característica disciplinada, permitindo ao médico curar os doentes e controlar o cotidiano dos demais profissionais, além de determinar o tipo de comportamento esperado no espaço hospitalar (1) . Florence Nightingale é a percussora da enfermagem moderna em todo o mundo e, desde Florence, adjetivos como: disciplina, obediência e a subserviência na enfermagem são consideradas como parte indissociável do exercício diário, tanto nas ações assistenciais como nas relações enfermagem/médico e enfermagem/administração hospitalar 1 , mas também temos que considerar que, ao participar como voluntária na Guerra da Criméia, em 1854, quando com 38 mulheres organizou um hospital para 4.000 soldados internos, baixando a mortalidade local de 40% para 2%, recebendo prêmio do governo inglês, projetou a profissão para o mundo (2) .…”
Section: Revisão Da Literaturaunclassified
“…É preciso levar em consideração que, no modelo biomédico dos hospitais, os cuidados médicos eram os únicos válidos por serem científicos e, desse modo, originou-se um imenso distanciamento entre o nível dos cuidados de enfermagem, cuidados destinados á manutenção e promoção da vida cotidiana, que eram percebidos como secundários, menores e sem importância mais significativa ou valor científico ou, mesmo, econômico. A assistência de enfermagem se resumia em dar o remédio na hora certa, cuidar do asseio, dar alimentação, fazer companhia e auxiliar o paciente na ocasião das necessidades e de um possível banho, limpar o quarto, dar destino aos dejetos dos pacientes e cuidar dos mortos, além de ser subsidiada pelo trabalho e pensamento médico (1) . Acrescente-se a isso que a enfermagem como opção profissional sofre restrições decorrentes do fato de ser uma profissão de mulheres, que envolve representações sociais inerentes às características da mulher ideal numa sociedade ainda dominada pelos homens, tais como: submissão, abnegação, disciplina, pureza, humildade e domesticidade.…”
Section: Revisão Da Literaturaunclassified