objetivo deste artigo é propor alguns questionamentos a respeito da posição atual dos museus de História no âmbito da pesquisa, produção e divulgação de conhecimentos, tomando como referência o Museu Paulista, integrado à universidade de são Paulo há quase 50 anos. tanto o título quanto a epígrafe escolhidos sugerem que o ponto de partida de minhas considerações é o reconhecimento de que os museus, ao longo de sua história, vêm atuando num universo de forças políticas, protagonizado por diversos agentes que partilham com eles intenso debate em torno da ciência e da cultura. sujeito e objeto de disputas em torno do passado e de seus usos, o Museu encontra-se em contínuo movimento de legitimação e reflexão, o que transparece em sua trajetória. Por sua vez, situar o Museu entre lugar de geração de conhecimentos inovadores e "lugar de memória" representa interpretá-lo como local no qual se entrelaçam a preservação de patrimônios, o estudo e a abordagem de temas e questões específicos e as responsabilidades sociais que em nosso tempo podem ser exercidas por museus universitários.
Museu Paulista: marcos de uma trajetóriaIncorporado à universidade de são Paulo em 1963, o Museu dedica-se na atualidade ao campo de conhecimentos denominado História da Cultura Material, com ênfase nos estudos sobre a formação histórica da sociedade brasileira, em geral, e sobre a formação da sociedade paulista, em particular. trata-se de instituição científica e cultural centenária, cuja trajetória iniciou-se em 1893. naquela ocasião, e em concomitância à organização do regime republicano, o Monumento -erguido pelo governo imperial na capital paulista nas proximidades do riacho do Ipiranga para celebrar a Independência e a fundação do Império -foi apropriado pelas autoridades do novo regime para abrigar coleções de história natural e de história nacional, dando origem ao primeiro museu público de são Paulo, oficialmente inaugurado em 7 de setembro de 1895. 1 o fato de o Museu estar sediado no Monumento do Ipiranga fez que, entre outras razões, se tornasse popularmente conhecido como Museu do Ipiranga. o os museus continuam a constituir modelos tanto para estudar as tensões e negociações em curso na comunidade científica como as que ocorrem entre esta e a sociedade contemporânea, quer do ponto de vista da história das ciências quer das instituições culturais. (Michel van Praët, 2009)