O trabalho propõe uma discussão acerca do conceito de “gesto bibliográfico”, buscando defini-lo em relação às definições de técnica e de tecnologia. Busca entender o âmbito dos fazeres do que chamamos bibliografia, na medida em que essa se torna fazer biblioteconômico, explicitando e organizando suas ferramentas. O cerne da discussão individualiza duas operações diferentes, uma de natureza técnica e outra tecnológica. Sem uma clara fronteira hierárquica entre especulação e aplicação, entre ciência e técnica, é preciso estruturar o discurso das práticas bibliográficas lá onde ainda ele não se articula em teoria. Trata-se de um trabalho de natureza bibliográfica que discute os conceitos, em uma perspectiva histórica, utilizando autores que refletiram sobre essas questões, principalmente Herbert Marcuse, Michel Foucault e Michel de Certau. Com efeito, a tecnologia, entendida como sistema organizado de aparatos a serem utilizados graças a competências técnicas, é um processo que se desenvolve principalmente a partir da Idade Moderna e a bibliografia, entendida como conjunto de práticas ligadas ao fazer também se desenvolve no mesmo eixo temporal. O perfil de autonomia alcançado pela tecnologia, principalmente no campo da informação, produz um conjunto de problemas para o desenvolvimento da bibliografia, que buscaremos individualizar. Nossa proposta é recuperar uma ideia de bibliografia como técnica que se identifica como gesto que produz expressão cultural.
Esse artigo visa estudar o percurso e o estado atual dos estudos bibliográficos no Brasil, com base na proposição de que a natureza da bibliografia, que a caracteriza em sentido disciplinar e crítico, não se limitam ao fato de ser uma enumeração de documentos ou de servir como esquema de sua realidade no sistema, mas deve servir também como mapa a ser consultado em relação aos mesmos. Para isso, foi necessário reconstituir o contexto histórico que permite a compreensão da relação entre políticas nacionais e políticas da informação ao longo do século XX. Descobrimos, dessa maneira, que as escolhas de investimentos que privilegiaram quase unicamente a pesquisa científico-tecnológica tornaram a bibliometria a forma privilegiada de estudo e aplicação bibliográfica no país pelo menos até os primeiros anos do século XXI. Nessa pesquisa, realizada pela indagação histórica das fontes, foram encontrados e tratados alguns dos grandes protagonistas dos processos de implantação das metodologias bibliográficas e bibliométricas, como Lydia Sambaquy e Edson Nery da Fonseca. Nossa hipótese é de que houve, desde a época do Estado Novo, um entrelaçamento evidente e explícito entre as políticas nacionais voltadas para visões cientificistas de modernização e políticas de informação.
RESUMO Introdução:A Ciência da Informação discute o acesso e uso da Informação. No âmbito de tais discussões, consideramos que a Bibliografia representa um dos alicerces, em quanto metadisciplina, para o tratamento dos documentos. Se observada pela perspectiva do "gesto bibliográfico", percebe-se que sua história é bem anterior à invenção da impressão dos livros, podendo ser individualizada em seus elementos principais em um tratado do VI século, o De Institutione Divinaruam Litterarum de Cassiodoro (c. 490-c. 584). Objetivos: Reconstituir historicamente a recorrência de problemas informacionais enfrentando-os de um ponto de vista intelectual, através de uma fonte histórica, o De Institutione Divinarum Litterarum, de natureza Bibliográfica, através da trajetória de uma reorganização dos saberes e dos registros pagãos e cristãos em um percurso dos conhecimentos considerados não somente legítimos, bem como estruturais para a sociedade. Para tanto, observam-se alguns aspectos da obra de Cassiodoro, enquanto dispositivo de seleção, organização e mediação informacional. Metodologia: Revisão da literatura e leitura das fontes. Resultados: Primeira tentativa de sistematização da literatura patrística (à qual o próprio Cassiodoro deu uma contribuição notável, com a composição de um imponente Comentário aos Salmos), os nove capítulos do De Institutione Divinarum Litterarum são um livro feito por livros, entre os autores canônicos da literatura religiosa, um elenco das obras consideradas essenciais na escalada para o conhecimento divino, tendo sua presença justificada pela
Apresenta e discute questões como informatividade, oferta de sentidos e recuperação da informação, além de elencar definições de informação e mediação. Com base nos assuntos apresentados, busca discutir os possíveis problemas enfrentados pelo profissional da informação, enquanto mediador cultural no âmbito dos museus de arte.Palavras-chave: Recuperação da informação; Ciência da informação; Informação; Mediação cultural. Information retrieval and the concept of information: what is relevant in cultural mediation?The article presents and discusses issues such as informativeness, offering of directions and information retrieval, and also lists definitions of information and mediation. Based on the topics presented, the possible problems faced by information professionals are discussed while cultural mediators in the context of art museums.
RESUMOEste trabalho, primeiro resultado de uma pesquisa mais ampla, propõe uma indagação sobre alguns aspectos das representações sociais de bibliotecas e bibliotecários em produções literárias e cinematográficas. Surgida com finalidades catalográficas, aos poucos essa indagação revelou elementos que estabeleciam séries diversas, em que o gênero narrativo, tanto literário como cinematográfico, não resultava relevante em relação à representação da biblioteca e do bibliotecário. A presença desses elementos aparenta evidenciar algumas expectativas e utopias em relação ao conhecimento independentemente das narrativas serem ambientadas no passado, no presente ou no futuro, estimulando uma reflexão sobre algumas tradições medievais e barrocas relativas ao universo das bibliotecas e de seus protagonistas, os bibliotecários. Os materiais utilizados foram os filmes "A máquina do tempo", "Farnheit 451", "O dia depois de amanhã", "Star Wars -A Guerra dos clones", e os romances "Martin Éden", "O homem sem qualidades", "A máquina do tempo" e "A sombra do vento". Palavras-chave: biblioteca; bibliotecário; imaginário; cinema; literatura. ABSTRACT
EPÍGRAFE "[...] eu nunca produzi algo mais laborioso e talvez nunca mais haverei de produzir. Eu me alegro realmente e agradeço a Deus imortal, já que eu escapei finalmente deste labirinto, que me enredou por cerca de três anos e, como [escapando] de um naufrágio em alto mar, onde nada mais há além do oceano e o céu, eu retornei ao porto. Agora, satisfeito, examino meus trabalhos e me deleito em recordar, como aqueles, que desceram de uma muito alta e íngreme montanha, mostram-se surpresos por terem desejado retornar após chegarem até a base e eles próprios se alegram consigo mesmos pela árdua jornada ter sido superada" (GESNER, 1545, f. [6r]). "O segundo ponto diz respeito a algumas das funções profissionais do bibliógrafo: em particular, a que exige que ele seja um oculatus testis, ou seja, uma testemunha cautelosa e não apenas necessariamente ocular dos livros que ele pretende descrever e listar. Mas, para fazer isso, o bibliógrafo precisa se mover, sair da casa, navegar nas bibliotecas, inspecionar os catálogos, revirar os livros, em suma, exercer essas ações humildes e cansativas-que não podem renunciar aos movimentos e andanças-que os estudiosos do Renascimento chamaram com o nome de Apodemica" (SERRAI, 1990, p. 85).
Pretende-se apresentar um panorama dos discursos e ações sobre o patrimônio cultural brasileiro para, em seguida, discutir contribuições e relações que podem ser estabelecidas a partir dos fundamentos da Ciência da Informação. A primeira é a relação entre patrimônio e o conceito de documento, a segunda sobre os processos documentais e o cientista da informação, e a terceira uma abordagem da mediação e apropriação cultural do patrimônio.
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